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Para entender: Os próximos passos da Coreia do Norte e seus programas militares

Pyongyang e Washington estão em uma batalha verbal há anos, mas a situação se agravou ainda mais com a chegada de Donald Trump à Casa Branca

Por Redação Internacional
Atualização:

SEUL - Apesar da unanimidade quanto às críticas pelo mundo, a Coreia do Norte prossegue o desenvolvimento de seus programas militares, como demonstra o mais recente lançamento de míssil do país, que sobrevoou o Japão.

Pyongyang e Washington estão em uma batalha verbal há vários anos, mas a situação se tornou ainda mais grave com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, um presidente pouco ortodoxo. Veja a seguir alguns questionamentos sobre a situação.

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O que aconteceu?

Nos últimos dois meses, Pyongyang lançou com sucesso dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), que deixam parte do continente americano a seu alcance. Também ameaçou atacar o território americano de Guam, ilha do Pacífico que abriga importantes instalações militares.

Como resposta, Trump ameaçou a Coreia do Norte com "fogo e fúria". Ao mesmo tempo, Pyongyang afirma que precisa se proteger de uma invasão americana. Os ICBM reforçam sua capacidade de dissuasão e permitem ameaçar cidades americanas, além de Coreia do Sul e Japão, dois aliados de Washington.

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O que Pyongyang fará agora?

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, anunciou outros disparos no Pacífico, e não há motivos para duvidar de seu discurso. A cada oportunidade, Pyongyang dá um passo adiante, de modo lento, mas constante.

Para analistas, a próxima etapa pode envolver lançamentos simultâneos sobre o Japão. A Coreia do Norte também pode ampliar a distância percorrida (2,7 mil km na terça-feira), levando em consideração que Guam fica a 3,4 mil km de seu território.

EUA podem intervir?

No momento, parece pouco provável, segundo os analistas. O Pentágono mantém 28,5 mil soldados na Coreia do Sul ante um possível conflito na península. Há vários anos, contempla essa hipótese e organiza manobras militares anuais com Seul. A edição atual das chamadas "Ulchi Freedom Guardian" termina nesta quinta-feira, 31. As opções sobre a mesa vão de ataques cirúrgicos limitados até um "bombardeio preventivo" para "decapitar" o regime norte-coreano.

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A Coreia do Norte é especializada na arte dos túneis. Após a guerra da Coreia (1950-1953), o país cavou corredores sob a zona de fronteira desmilitarizada (DMZ). Os arsenais nucleares e convencionais do país estão enterrados e, portanto, protegidos, de acordo com os analistas. Assim, é pouco provável que um primeiro bombardeio destrua todas as armas nucleares do país. O Norte tem ainda uma grande artilharia, com Seul, cidade com 10 milhões de habitantes, a seu alcance.

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E as sanções?

No início de agosto, o Conselho de Segurança da ONU aprovou mais uma série de sanções contra Pyongyang, com o objetivo de privar o regime de um terço do que arrecada com as exportações. A resolução foi aprovada por unanimidade, o que significa que também recebeu os votos da Moscou e de Pequim. A eficácia da medida depende, em grande parte, do comportamento da China, destino de 90% das exportações norte-coreanas.

EUA pressionam a China a adotar um tom mais rígido em relação à Coreia do Norte, mas Pequim teme uma eventual queda do regime de Pyongyang. Washington e Tóquio desejam aumentar a pressão sobre o Norte, mas chineses e russos defendem um compromisso: o fim dos testes balísticos norte-coreanos em troca da suspensão dos exercícios militares dos EUA com a Coreia do Sul. Para os EUA, porém, essa solução permitiria a Pyongyang conservar capacidades militares inaceitáveis, o que seria algo como recompensar o mau comportamento.

Haverá diálogo?

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Nos anos 2000, as negociações entre seis partes (as duas Coreias, China, Rússia, Japão e EUA) pareceram convencer o Norte, então governado por Kim Jong-il, pai do atual líder, a suspender seus programas militares. O processo terminou em 2009. A Coreia do Norte realizou cinco testes nucleares e afirma que controla as técnicas de miniaturização de ogivas nucleares, assim como do retorno delas à atmosfera.

Para o professor Koh Yu-hwan, da Universidade Dongguk de Seul, o disparo de terça-feira é uma "mensagem clara" de que Pyongyang não vai parar até possuir mísseis nucleares com capacidade de atingir os americanos. A Coreia do Norte está convencida de que, assim, "poderá permanecer firme diante dos EUA em qualquer negociação", completou Yu-hwan. / AFP

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