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Para Lembrar: um histórico da violência contra jornalistas na Rússia

A lista de profissionais mortos ou atacados em razão de seu trabalho e de críticas ao governo é longa; maioria dos casos não resultou em condenações

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Por Redação Internacional
Atualização:

Antes de o Serviço de Segurança da Ucrânia chocar o mundo ao revelar, na quarta-feira, 30, que a morte do jornalista russo Arkadi Babchenko em Kiev fora encenada, a notícia de seu assassinato destacou os perigos do trabalho jornalístico na Rússia. Nos últimos anos, dezenas de profissionais foram mortos ou brutalmente espancados por conta de seus trabalhos. Na maioria das vezes, os criminosos não foram punidos. Relembre alguns dos casos recentes da violência contra jornalistas na Rússia:

A jornalista Anna Politkovskaya em Moscou. Foto: Fyodor Savintsev/AP

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Anna Politkovskaya Anna Politkovskaya era uma importante jornalista do jornal Novaya Gazeta, conhecida por sua cobertura crítica da guerra na Chechênia. Ela foi morta a tiros em seu prédio, em 2006. Anna relatou assassinatos e tortura de civis por militares russos e publicou um livro no qual critica o presidente Vladimir Putin e a campanha das tropas do governo. Ela recebeu ameaças e foi difamada pela mídia estatal como antipatriota. Cinco homens foram condenados pelo seu assassinato, mas as investigações nunca descobriram quem foram os mandantes do crime. Sua família culpa o governo pela relutância em encontrar os autores intelectuais do homicídio.

 

O jornalista Mikhail Beketov. Foto: Mikhail Metzel/AP

Mikhail Beketov Beketov sofreu danos cerebrais e perdeu uma perna depois de ser brutalmente atacado em 2008, quando publicou uma reportagem crítica a um projeto de rodovia em Moscou. Ele morreu cinco anos depois. O jornalista escreveu sobre corrupção na cidade de Khimki, próxima da rodovia. Ele era o fundador e editor de um jornal local e foi um dos primeiros a alertar sobre a destruição da floresta local e sobre o lucro de autoridades locais com o projeto. Em 2008, ele foi espancado tão violentamente que ficou incapaz de falar. Beketov permaneceu em coma por vários meses e passou mais de dois anos em hospitais. Seus atacantes nunca foram encontrados.

 

Homenagem à jornalista Anastasia Baburova. Foto: Alexander Zemlianichenko/AP

Anastasia Baburova A jornalista freelancer Anastasia Baburova foi baleada e morta em 2009, em uma calçada no centro de Moscou. Ela foi atacada quando tentou ajudar o advogado Stanislav Markelov, que também fora baleado. Markelov trabalhava com direitos humanos e era renomado por sua atuação em casos de abuso na guerra da Chechênia. Ele foi ferido na nuca, em plena luz do dia, por um atirador que o seguiu quando saiu de uma coletiva de imprensa. Anastasia voltava com Markelov da coletiva e tentou ajudá-lo, mas foi assassinada também. Ela trabalhava para o jornal Novaya Gazeta, e era funcionária de Politkovskaya.

 

O jornalista Oleg Kashin. Foto: Maxim Avdeyev/AP

Oleg Kashin O repórter foi violentamente espancado por dois agressores não identificados do lado de fora de sua casa, em novembro de 2010, e escapou da morte por pouco. Kashin passou dias em coma induzido, teve o crânio fraturado e um dedo parcialmente amputado. Ele sobreviveu e acabou se recuperando. O jornalista escrevia sobre diversas questões sociais e políticas. Logo depois do ataque, ele afirmou que suspeitava que o então governador de Pskov, Andrei Turchak, estaria por trás do atentado. O motivo seria um texto crítico ao governo que Kashin havia publicado em seu blog. O então presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, prometeu apurar o ataque. Inicialmente, o jornalista elogiou os investigadores, que pareciam tentar encontrar os culpados, mas os trabalhos cessaram pouco tempo depois. Frustrado com a situação, ele conduziu a própria investigação e, anos depois, acusou Turchak publicamente por ter ordenado que ele fosse morto ou aleijado. O político nunca foi questionado e negou as acusações. Atualmente, Turchak ocupa um posto sênior no partido governista.

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Khadzhimurad Kamalov O fundador de um jornal no norte do Cáucaso, crítico a autoridades, foi morto a tiros na frente de seu escritório em Makhachkala, capital da região do Daguestão, em 2011. O veículo publicou relatos extensivos sobre os abusos policiais na luta contra a insurgência islâmica na Chechênia. Em 2008, autoridades abriram uma ação contra vários jornalistas funcionários de Kamalov, sob o argumento de uma legislação anti-extremista. O grupo foi absolvido em janeiro. Os assassinos de Kamalov nunca foram encontrados. / AP

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