A guerra civil na Líbia até agora envolveu poucas lutas urbanas sérias em cidades como Misrata, mas as batalhas, em sua maioria, foram escaramuças relativamente pequenas.
Se o dirigente líbio Muamar Kadafi conservar a lealdade de uma grande porção de suas forças de segurança na capital, as heterogêneas forças de oposição poderão ter dificuldade e haveria pouco que os ataques aéreos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) poderiam fazer sem colocar em risco a vida de civis.
"Estou supondo que o combate em Trípoli vai ser feroz", disse Hayat Alvi, um estudioso da política no Oriente Médio no United States Naval War College. "O fator imprevisível será a população de Trípoli. As verdadeiras lealdades terão de se manifestar finalmente. Estou prevendo que elas serão em favor dos rebeldes, mas não sabemos o que Kadafi e seus filhos têm nas mangas."
Avaliar a lealdade da população de Trípoli não é tarefa fácil. Os seguidores de Kadafi realizaram muitas marchas e manifestações de lealdade nos últimos meses, mas centenas, se não milhares, de seus opositores também ganharam as ruas nos primeiros estágios do levante antes de serem intimidados. A esperança dos rebeldes é que as forças de segurança se desmantelem.
Alguns dizem que o próprio Kadafi já pode ter fugido, talvez para sua cidade natal de Sirte ou uma base no deserto mais ao sul. Os longos discursos em reuniões públicas turbulentas cederam lugar a pronunciamentos por rádio e televisão feitos por linhas telefônicas defeituosas.
Outros, porém, dizem que a sublevação nascente reportada em Trípoli no sábado à noite pode ter começado cedo demais, com as forças de oposição ainda demasiado distantes para ajudar. Apesar da retórica de tomar Trípoli e pôr fim à guerra em horas ou dias, alguns analistas suspeitam que é mais provável que os rebeldes tratem de consolidar seu estrangulamento da cidade e esperar para ver como os fatos se desenrolam.
"Acho que eles aguardarão nos arredores e esperarão ou por um levante ou que Kadafi decida entregar os pontos e partir", disse David Hartwell, analista do Oriente Médio para IHS Jane's. "Se eles entrarem, poderiam encontrar muita dificuldade e estariam ansiosos para evitar isso. É relativamente óbvio que a Otan vem fornecendo apoio aéreo direto aos rebeldes. Uma coisa é em campo aberto ou em áreas pouco populosas - embora isso extrapole o mandato da ONU, para dizer o mínimo - mas seria quase impossível em Trípoli. (Peter Apps/Reuters) / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
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