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Três anos depois, Ohio realizará 1ª execução desde injeção defeituosa

Na execução, Ohio testará de novo o midazolam como parte de um coquetel de três medicamentos que, de uma forma ideal, deveriam acabar com a vida do condenado sem que ele sinta

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Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - O Estado americano de Ohio prepara para esta quarta-feira, 26, a sua primeira execução desde 2014, quando aplicou uma injeção defeituosa em um preso, que morreu agonizando e colocou a pena de morte à beira da paralisação nos Estados Unidos.

O primeiro a passar pelo corredor da morte do Centro Correcional do Sul de Ohio será Ronald Phillips. O Estado tem ainda outras 26 execuções programadas até setembro de 2020, acumuladas durante os últimos três anos e meio de bloqueio.

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Phillips, um homem branco de 43 anos, será executado por ter estuprado e matado em 1993 a filha da então companheira, uma menina de 3 anos chamada Sheila Sheila Evans.

A execução, programada para as 10h (hora local; 11h em Brasília), despertou tanta atenção que o governador de Ohio, John Kasich, cancelou a presença na inauguração da popular feira em Columbus para acompanhar a execução de perto.

Na memória de todos está a execução, em janeiro de 2014, de Dennis McGuire, que tinha sido condenado à morte por estuprar e assassinar uma mulher de sete meses e meio de gestação.

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Esta foi uma das primeiras execuções a usar um polêmico composto químico (midazolam) para sedar os condenados perante a escassez de outros componentes, e não deu certo: McGuire não estava dormindo quando a injeção letal fez efeito.

Depois ocorreram casos parecidos, e até mais dramáticos, no Arizona e em Oklahoma, onde um preso agonizou durante 43 minutos até morrer.

Os litígios contra o midazolam foram se acumulando e sua constitucionalidade chegou até a Suprema Corte dos Estados Unidos, que em junho de 2015 autorizou seu uso com o voto favorável dos cinco magistrados conservadores e contrário dos quatro progressistas.

Apesar do sinal verde do Supremo, o midazolam ficou praticamente em desuso, e das 39 execuções ocorridas em 2013, passou para 20 em 2016, a maioria com um composto chamado pentobarbital, que apenas Texas, Geórgia e Missouri possuem.

Litígios de lado, o difícil acesso dos Estados a esses sedativos foi a principal causa da redução das execuções nos últimos anos, desde que as empresas farmacêuticas, pressionadas por ativistas, começaram a se negar a usar seus produtos para a pena de morte.

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Na execução de Phillips, Ohio testará de novo o midazolam como parte de um coquetel de três medicamentos que, de uma forma ideal, deveriam acabar com a vida do condenado sem que ele sinta.

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A injeção com midazolam será seguida de uma dose de brometo de rocurônio, que paralisará os músculos, e uma terceira de cloreto de potássio, que impedirá que o coração palpite.

Arkansas, Alabama e Virgínia já executaram presos neste ano com combinações parecidas, e ainda que tenham surgido problemas em alguns casos, não houve a mesma repercussão como em 2014.

Perante a perspectiva de 27 execuções nos próximos anos (quatro em 2017, dez em 2018, nove em 2019 e quatro em 2020), opositores à pena de morte entregaram 27 mil assinaturas ao governador de Ohio com a petição para que use seu poder para comutar as penas dos réus.

"Não deveriam nos conhecer como 'o Texas do norte' quando se trata da pena de morte", disse ao diário The Statehouse News Bureau um ativista contrário à pena de morte, Tom Smith, em referência ao Estado sulista, o que mais presos executou.

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No passado, Kasich perdoou cinco condenados à morte, que agora cumprem prisão perpétua, mas nada leva a crer que Phillips será o sexto.

Ohio tem 139 presos no corredor da morte, incluindo os 27 que pretende executar até 2020. Desde que o Supremo reinstaurou a pena de morte nos Estados Unidos, há quatro décadas, o Estado executou 53 presos. / EFE

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