PUBLICIDADE

33 anos depois, americano é indiciado por morte de menino

Pedro Hernández trabalhava na rua do SoHo, em Manhattan, onde Patz foi visto pela última vez

Por JOSE
Atualização:

NOVA JÉRSEI - Um homem que confessou à polícia o estrangulamento do menino Etan Patz, desaparecido há exatos 33 anos, aos 6 anos de idade, foi indiciado na sexta-feira, 25, por homicídio doloso, num caso que mudou a forma como os Estados Unidos lidam com casos de crianças desaparecidas. Pedro Hernández, de 51 anos, era estoquista numa mercearia da rua do SoHo, em Manhattan, onde Patz foi visto pela última vez em 25 de maio de 1979. Segundo o indiciamento, de uma só frase, Hernández disse à polícia que "estrangulou Etan Patz e o colocou dentro de um saco plástico, causando portanto a morte de Etan Patz, em ou em torno de 25 de maio de 1979, no porão da West Broadway 448". O desaparecimento do menino levou à criação, em 1984, da Lei de Assistência às Crianças Desaparecidas, levando à criação de uma importante ONG voltada para essa questão, e alterando a forma como a polícia e a opinião pública reagem a esses casos. Patz foi uma das primeiras crianças a ter seu rosto estampado em caixas de leite, pedindo à população que dê informações. Na sexta-feira, Hernández foi transferido da sua cela para o hospital Bellevue, para que continue recebendo os medicamentos que usa, segundo um porta-voz policial, que não especificou quais são os medicamentos ou a doença do acusado. Na quinta-feira, o comissário de polícia Raymond Kelly informou que Hernández havia feito uma confissão gravada em vídeo do crime. Ele teria matado o menino no porão da mercearia, e jogado o corpo fora num saco plástico. Hernández hoje vive em Maple Shade, Nova Jersey, com a mulher e a filha. Há um mês, o FBI e a polícia de Nova York escavaram o porão em outro prédio do bairro, sem encontrar pistas de Patz. Mas o fato levou a uma denúncia contra Hernández, que em 1981 havia revelado a familiares que "havia feito uma coisa ruim e matado uma criança em Nova York", segundo Kelly. Mas a confissão foi recebida com ceticismo por gente como Lisa Cohen, autor de um livro, "After Etan", que detalhava o que aconteceu depois que os pais do menino permitiram que ele fosse sozinho pela primeira vez até o ponto do ônibus escolar. Ele nunca voltou. "Houve centenas e centenas de pistas e movimentos falsos quando eles sabiam que o caso estava resolvido - e não estava", disse Cohen à CNN. Patz disse aos pais que iria parar na mercearia para comprar um refrigerante, e Hernández agora contou, segundo a polícia, que atraiu o menino para o porão com a promessa de uma bebida grátis.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.