Agentes da CIA que praticaram tortura não serão processados

Obama diz que dará segurança àqueles que executaram ações segundo Departamento de Justiça na era Bush

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Por Agências internacionais
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta-feira, 16, que os oficiais da CIA que utilizaram "duras técnicas" em interrogatórios de suspeitos de terrorismo durante a administração George W. Bush não serão processados. "Nossa intenção é dar segurança àqueles que executaram suas tarefas confiando na boa fé do conselho legal do Departamento de Justiça", explicou o chefe de Estado.

 

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Logo que chegou à presidência, Obama suspendeu as polêmicas práticas nos escritórios da CIA - entre elas o afogamento simulado, que levava os interrogados à beira da morte. Durante seus oito anos na Casa Branca, Bush reconheceu que as medidas eram duras e necessárias, mas sempre defendeu que não se tratava de tortura, como afirmam órgãos da ONU, Cruz Vermelha e diversas organizações humanitárias.

 

No mês passado, um ex-advogado do Departamento de Estado, Vijay Padmanabhan, admitiu em entrevista que a administração Bush entrou em pânico depois dos atentados do 11 de setembro de 2001 e torturou prisioneiros. Também em março, um relatório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) detalhou a tortura praticada na prisão de Guantánamo, para onde os suspeitos de terrorismo eram levados.

 

O documento foi enviado pelo CICV ao governo americano, alertando sobre o tratamento dos detentos em prisões administradas pela CIA. Segundo o relatório, o tratamento era "cruel, desumano e degradante". Os delegados da entidade mantiveram contato com os suspeitos quando eles foram transferidos para Guantánamo. De acordo com 14 deles, os prisioneiros foram espancados, submetidos a temperaturas extremas, privados de dormir e torturados com simulações de afogamento - durante as quais a cabeça dos suspeitos era colocada em baldes de água até que quase desmaiassem.

 

A tortura ainda incluía o choque da cabeça dos interrogados contra a parede, banhos gelados e músicas em níveis de volume insuportáveis. "Diariamente, uma corrente era colocada no meu pescoço e usada para jogar-me contra a parede", afirmou Walid bin Attash, um dos prisioneiros.

 

Uma das primeiras medidas de Obama à frente da presidência americana foi decretar o fim de Guantánamo em 12 meses. O destino dos cerca de 250 prisioneiros, porém, continua incerto, apesar de alguns países da União Europeia terem se mostrado dispostos a recebê-los.

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