Asiáticos superam latinos em imigração para os EUA

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Por SUSAN HEAVEY
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Os asiáticos têm superado os latinos como o maior grupo de novos imigrantes dos Estados Unidos, de acordo com um relatório nesta terça-feira que alguns especialistas disseram refletir a diminuição da demanda pelo trabalho imigrante e destaca o impacto da repressão do Estado sobre imigrantes ilegais. O Pew Research Center constatou que o número de imigrantes asiáticos cresceu de 19 por cento de todos os novos imigrantes em 2000 para 36 por cento em 2010. A entrada de imigrantes latinos caiu de 59 por cento em 2000 para 31 por cento. Até 11 por cento dos imigrantes ilegais nos Estados Unidos são asiáticos, enquanto cerca de 75 por cento são latinos, de acordo com a análise, que combinou dados do governo com a sua própria pesquisa. Os resultados vêm em meio a intenso debate sobre as políticas de imigração dos EUA. O presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou na sexta-feira que estava interrompendo as deportações para jovens ilegais. O Supremo Tribunal dos EUA também deve decidir este mês sobre uma lei controversa do Arizona exigindo que a polícia verifique o status de imigração dos detidos. Embora a economia seja de suma importância para os eleitores, a imigração ilegal está sendo muito debatida antes da eleição de novembro. Alguns questionaram o momento do anúncio de Obama. A mudança política também complicou os esforços de seu adversário republicano, Mitt Romney, de montar uma plataforma de imigração de sua autoria. Grande parte do debate tem se concentrado nos latinos, um grupo altamente visível e a maior minoria étnica do país. Especialistas disseram que não havia uma única resposta para por que imigrantes asiáticos superaram os latinos, mas a fraca economia dos EUA provavelmente teve um grande papel. "A imigração ilegal responde rapidamente às condições econômicas, e a recessão nos EUA foi um provável desmancha-prazeres", disse Jeanne Batalova, demógrafo do Migration Policy Institute, um grupo apartidário que analisa o movimento das pessoas ao redor do mundo. A política de imigração dos EUA tende a favorecer a mão de obra qualificada e os estudantes, algo que funciona em benefício dos imigrantes provenientes de países asiáticos que têm um foco profundo em educação, afirmaram ela e outros especialistas em imigração. Gabriel "Jack" Chin, especialista em imigração e professor de Direito da Universidade da Califórnia em Davis, disse que a atmosfera criada pelas mudanças nas leis de imigração em certos Estados também foi provavelmente um fator. "Eu não acho que haja alguma dúvida de que a discriminação tenha tido algum efeito sobre a imigração latina", afirmou Chin, que deixou o Arizona no ano passado, em parte devido à sua oposição à lei sobre os detentos do Estado. O relatório da Pew é valioso, disse Chin, porque "aponta que todos os imigrantes não autorizados e não documentados não são mexicanos ou latinos. Há muitos que são asiáticos ou de outros países do mundo". Há 52 milhões de latinos nos Estados Unidos, mais de 38 milhões de negros e quase 198 milhões de brancos, de acordo com o relatório. Outros dados do governo mostraram também os Estados Unidos no caminho certo para ter minorias étnicas como a "maioria" da população, em vez de brancos. As descobertas da Pew mostram que todos os asiáticos nos Estados Unidos, e não apenas os imigrantes recentes, são um grupo bem educado que tende a ter mais grau universitário, maior renda familiar anual, e mais riqueza do que a população geral dos EUA. Enquanto especialistas em imigração disseram que os recém-chegados aos Estados Unidos tendem a vir de países economicamente menos desenvolvidos, há uma demanda para trabalho altamente qualificado que muitos asiáticos podem oferecer. Oitenta por cento de todos os norte-americanos asiáticos são chineses, indianos, japoneses, coreanos, filipinos ou vietnamitas, disse o relatório. As conclusões do grupo de pesquisa são baseadas em dados do Censo dos EUA e dados econômicos, bem como pesquisas do centro com mais de 3.500 norte-americanos asiáticos entre janeiro e março. A margem de erro é de mais ou menos 2,4 pontos percentuais.

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