Cho Seung-hui, o jovem que causou o maior massacre estudantil da história dos Estados Unidos em abril, antecipou os planos em uma redação de classe, segundo reportagem da edição desta quarta-feira, 29, do jornal The Washington Post. Você acha que professores poderiam ter prevenido o massacre? No trabalho, redigido um ano antes do incidente que chocou os Estados Unidos, Cho falava de um pistoleiro que pensava em invadir atirando um estabelecimento de ensino, diz o jornal, citando fontes que tiveram acesso ao texto. O Post diz que o trabalho de Cho tem paralelos "horríveis" com os fatos de 16 de abril na Universidade Virginia Tech, quando 32 pessoas morreram, além do próprio Cho. Uma das fontes qualificou a redação de Cho de "anteprojeto" de seu percurso pelo campus. Outra alegou que afirmar isso era exagero. Apesar das coincidências entre a teoria e a realidade, o certo é que existe uma diferença crucial: o protagonista do texto não chega a cometer o massacre. Mesmo assim, as fontes ouvidas pelo The Washington Post disseram que parte do que Cho escreveu foi refletida no que ele disse durante a gravação de vídeo realizada no dia do massacre. Vários problemas burocráticos entre os diferentes departamentos policiais encarregados pela investigação impediram que as agências que revisam o caso recebessem o relato de Cho, diz o Post. O jornal aponta que alguns professores conheciam o trabalho e falaram sobre ele dias antes dos assassinatos. Ainda assim, os diretores da universidade não haviam entregado o texto à comissão de inquérito até o fim de semana. Além disso, o texto foi recebido pela polícia estadual antes do crime, mas as agências federais envolvidas não sabiam de sua existência, diz o jornal. Alguns dos pais das vítimas criticaram a falta de coordenação entre as agências. A Universidade Virginia Tech publicou a descoberta e espera-se que a comissão designada pelo governador da Virgínia, Timothy Kaine, faça o mesmo na quinta-feira, 30. Cho, de origem sul-coreana, escreveu a redação para um curso de textos de ficção do qual ele participou na primavera de 2006. O Washington Post lembra nesta quarta que Cho sentia fascinação pelo massacre cometido em 1999 em Columbine (no Colorado), que deixou 13 mortos e 24 feridos.