Caso de coronel que confessou estupros e assassinatos comove o Canadá

Agressor furtava e usava lingeries das mulheres e fazia a gravação da tortura das suas vítimas

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TORONTO, CANADÁ - O caso do coronel Russell Williams, que se declarou culpado na segunda-feira, 18, do estupro e assassinato de duas mulheres, tem comovido o Canadá e, especialmente a instância militar, à medida que se conhecem mais detalhes sobre seus crimes. Até este momento, as autoridades e os tribunais canadenses haviam evitado se pronunciar sobre os detalhes do caso de Williams, acusado de dois assassinatos, dois estupros e 82 roubos a residências. A Justiça canadense tinha proibido a imprensa de publicar qualquer detalhe revelado durante o julgamento desde que Williams foi detido em 7 de fevereiro, em Ottawa. Mas com a confissão que o coronel da Força Aérea canadense fez na segunda-feira, alguns dos detalhes mais escabrosos do caso começaram a ser conhecidos. Tal como expuseram os promotores durante a audiência judicial, Williams, durante dois anos e meio, não só entrava em domicílios para furtar lingeries das mulheres e cheirar seus pertences pessoais, mas também filmava as sessões de tortura e morte de suas vítimas. Segundo a acusação, tudo foi documentado com detalhes pelo coronel. Em milhares de fotos armazenadas em seu computador, que a Justiça considerou "profundamente perturbadoras", Williams aparece nos lares de suas vítimas vestido com a roupa íntima delas para depois furtá-las e, em algumas ocasiões, masturbando-se diante da câmera. Em pelo menos uma ocasião, Williams pegou a lingerie e se fotografou com ela no quarto de uma menina de 12 anos, cuja família era vizinha do coronel e de sua esposa. O coronel armazenou tantas roupas femininas que várias vezes ficou sem espaço em sua garagem e teve de queimar a roupa. "Queria assumir mais riscos", reconheceu o coronel, que no momento de sua prisão era o comandante da maior base aérea do Canadá - CFB Trenton - e já chegou a ser o piloto da rainha da Inglaterra e do primeiro-ministro canadense. Por isso, no final de 2009, Williams passou a estuprar mulheres e, posteriormente, a assassiná-las. Nos dois ataques sexuais, o coronel entrou na casa das vítimas enquanto elas dormiam, tirou as roupas delas, cobriu suas cabeças com um travesseiro, e as amarrou em cadeiras e tirou fotos. A Promotoria canadense confirmou nesta segunda-feira que Williams filmou toda a morte, em 2009, da cabo Marie-France Comeau, de 38 anos, uma de suas subordinadas na base de Trenton. O segundo assassinato, em 2010, foi de Jessica Lloyd, de 27 anos, funcionária de uma empresa de ônibus. Esta morte foi filmada parcialmente pelo coronel. As duas gravações serão apresentadas pela Polícia perante o juiz do caso nesta terça-feira e provavelmente serão destruídas. Imediatamente depois de Williams confessar sua culpa perante o tribunal de Belleville (estado canadense de Ontario), o Exército canadense iniciou o procedimento para expulsá-lo. "Os trágicos eventos referentes ao coronel Russell Williams deixaram estupefatos todos os canadenses e especialmente os membros das Forças Armadas" afirmou o Chefe do Estado-Maior, general Walt Natynczyk, em comunicado divulgado nesta segunda-feira. A pena ao réu será notificada no próximo fim de semana. Os crimes cometidos por Williams representam uma condenação automática de prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional até dentro de 25 anos.

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