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Chacina em base dos EUA mostra influência de pregador muçulmano

Por WILLIAM MACLEAN
Atualização:

Um pregador radical muçulmano, que teria influenciado o autor de uma chacina em uma base militar dos Estados Unidos, é uma voz influente em fóruns anglófonos da Internet, cada vez mais usados por militantes que não falam árabe, segundo uma investigação em curso. Anwar al-Awlaki divulga há anos opiniões antiamericanas e simpáticas à Al Qaeda pela Internet, usando blogs, conferências em áudio e vídeo, redes sociais e longos artigos, sempre em inglês. Embora não seja um nome familiar no mundo árabe, Awlaki, que está na casa dos 30 anos, tem muitos seguidores no Ocidente, onde os governos suspeitam que contribua para radicalizar potenciais militantes que não entendem o idioma árabe, principal veículo das conclamações da Al Qaeda. A chacina de quinta-feira na base militar de Fort Hood, no Texas, foi cometida por um psiquiatra militar muçulmano, o major Nidal Malik Hasan. No final do ano passado, agências de inteligência dos EUA souberam que Hasan entrara em contato com Awlaki, e passaram essa informação às autoridades, que nada fizeram para contê-lo. Depois do incidente, Awlaki colocou um post em seu blog elogiando a chacina e chamando Hasan de "herói". Logo depois, o site do pregador foi fechado. Abdel Bari Atwan, editor do jornal em árabe Al Quds Al Arabi, disse que Awlaki é um dos vários religiosos que pregam em inglês pela Internet para uma plateia ocidental. "Esta tendência alternativa da mídia está ganhando força e ajudando muito os jihadistas", disse. "Eles estão indo muito bem nesse campo". Norte-americano de origem árabe, Awlaki tem uma plateia multinacional, a julgar pelos 5.138 "fãs" registrados em sua página no Facebook. Mas especialistas suspeitam que a maioria dos seus leitores sejam muçulmanos do sul da Ásia radicados na Europa e nos EUA. Jarret Brachman, especialista norte-americano na Al Qaeda, disse que Awlaki e o jamaicano Abdullah Faisal se tornaram os dois principais pregadores militantes em língua inglesa, em parte porque sua retórica abrange um amplo espectro de opiniões. "O que lhes dá tanto apelo é que se pode aderir a eles tendo apenas um 'quociente radical' bastante brando, mas esses caras exalam fogo suficiente para manter até o mais radical satisfeito," afirmou. "Eles são acessíveis. Até divertidos. Awlaki tem um ótimo senso de humor (...). Seus fãs o adoram".

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