PUBLICIDADE

Clérigo dos EUA diz que acusado por atentado foi seu aluno

Atualmente vivendo no Iêmen, Anwar al-Awlaki também teve contato com atirador da base de Fort Hood

Por Agência Estado e Associated Press
Atualização:

Um clérigo islâmico radical, com nacionalidade americana e iemenita, admitiu que o nigeriano acusado de tentar realizar um fracassado atentado em um avião no Natal foi seu aluno. O religioso garantiu, porém, não ter dado nenhum conselho para que o homem fizesse a ação extremista, segundo informou nesta quinta-feira, 4, o canal Al-Jazira.

 

PUBLICIDADE

O clérigo Anwar al-Awlaki, nascido nos EUA, vive atualmente no Iêmen. Autoridades americanas acreditam que ele trabalhe para um braço da Al-Qaeda nesse país. A rede extremista assumiu a responsabilidade pelo planejamento de um atentado que consistiria na explosão de uma bomba em um avião de passageiros dos EUA. A bomba, porém, não funcionou.

 

VEJA TAMBÉM:
Especial: As franquias da Al-Qaeda
Perfil: O desafio de um líder em conflito
Entrevista: Iêmen é terreno fértil para radicalismo, diz ONU

Al-Awlaki também foi apontado como uma pessoa que já teve contatos com o major do Exército dos EUA acusado por fazer um ataque a tiros contra colegas na base militar de Fort Hood, em 5 de novembro.

 

Funcionários iemenitas disseram acreditar que al-Awlaki se encontrou no Iêmen com Umar Farouk Abdulmutallab, o nigeriano de 23 anos acusado pelo ataque no Natal. Al-Awlaki, que estaria vivendo nas remotas montanhas do Iêmen, falou em entrevista a um jornalista iemenita, em conversa publicada pelo site da Al-Jazira.

 

"O irmão mujahed (guerreiro) Umar Farouk, que Deus possa o ajudar, é um de meus estudantes, sim", disse al-Awlaki na entrevista, publicada no site da Al-Jazira na terça-feira. "Nós tivemos contato, mas eu não emiti uma fatwa (decreto religioso) para que Umar Farouk fizesse essa operação."

 

Al-Awlaki disse que apoiou o ataque do Natal, mas disse que seria preferível que o alvo fosse um alvo militar dos EUA. "Eu apoio o que Umar Farouk fez após ver meus irmãos na Palestina, no Iraque e no Afeganistão serem mortos", afirmou o religioso. "Se fosse um avião militar ou um alvo militar dos EUA seria melhor...(mas) o povo americano participou em todos os crimes de seu governo."

Publicidade

 

Al-Awlaki nasceu no Novo México, de pais iemenitas. Ele se mudou para o Iêmen em 2004. Tornou-se popular entre partidários dos militantes islâmicos, por causa de seus sermões em inglês disponíveis na internet, nos quais explica a jovens muçulmanos a filosofia de uma violenta jihad e do martírio contra o Ocidente e os governos aliados muçulmanos e árabes.

 

Al-Awlaki trocou até 20 e-mails com o suposto agressor do ataque de Fort Hood, o major Nidal Malik Hasan, meses antes da violenta ação na base. Hasan iniciou esses contatos, em busca de conselhos religiosos.

 

Funcionários iemenitas disseram acreditar que al-Awlaki se encontrou com Abdulmuttalab quando o nigeriano esteve no Iêmen, no ano passado, supostamente estudando árabe. Agentes de segurança iemenitas suspeitam que o religioso está envolvido em ações de recrutamento de novos membros para o braço da Al-Qaeda no Iêmen e em acordos envolvendo rebeldes da aliança extremista e tribos locais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.