PUBLICIDADE

Comandante dos EUA propõe nova estratégia no Afeganistão

Responsável militar faz avaliação da guerra e diz que o enfoque adotado atualmente não está funcionando

Atualização:

O general Stanley McChrystal, principal comandante dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, descreveu a situação no país como "grave" em sua avaliação sobre o conflito e pediu por uma mudança de estratégia, sugerindo que a atual não está funcionando.

 

Veja também:

especial Especial: 30 anos de violência e caos no Afeganistão 

 

PUBLICIDADE

McChrystal disse que o conflito pode ser revertido com um novo enforque mais centrado na proteção da população e menos no combate aos militantes islâmicos. O relatório não fala diretamente em aumento do número de soldados, mas dá todos os sinais de que isso será necessário.

 

Segundo informou a Força de Assistência para a Segurança no Afeganistão (Isaf), McChrystal apresentou sua análise sobre o conflito para os mais altos militares dos EUA (o Comando Central, que é responsável pela gestão das guerras no Iraque e no Afeganistão) e da Otan. Diante do fracasso da atual estratégia adotada no conflito afegão, McChrystal diz que a população perde cada vez mais a confiança nas tropas estrangeiras, já que os militares não contribuem para melhorar as condições de vida no país.

 

"A situação no Afeganistão é séria, mas o sucesso é possível e exige uma revisada estratégia de implementação, compromisso, determinação e crescente unidade de esforço", apontou McChrystal em comunicado nesta segunda-feira. McChrystal assumiu o comando no Afeganistão em 15 de junho. Ele atrasou a entrega da revisão dos trabalhos no país para não interferir na eleição presidencial de 20 de agosto.

 

O documento propõe que a prioridade seja a proteção da população contra o Taleban, uma tarefa que, no momento, não pode ser delegada nem ao Exército ou a polícia afegã. McChrystal estima que é preciso ao menos três anos para que os militares afegãos possam assumir esta responsabilidade e mais tempo ainda para a polícia. Por isso, o general pede para que o treinamento das forças afegãs seja acelerado. Ele diz ainda acreditar que 60% do problema com os militantes estaria resolvido se o país tivesse mais empregos.

Publicidade

 

O informe não pede diretamente pelo aumento de tropas no combate, mas é possível que o presidente Barack Obama tenha que tomar uma decisão desse tipo quando o documento chegar até a Casa Branca, ponderando as implicações do maior comprometimento com a guerra afegã num momento em que as pesquisas sugerem a perda do apoio dos americanos ao conflito. A última sondagem publicada pelo jornal Washington Post diz que apenas 49% dos americanos pensam que a guerra no Afeganistão vale a pena.

 

Durante o ano, o número de soldados estrangeiros aumentou notavelmente no país asiático - o contingente americano dobrou - chegando a mais de 100 mil militares. McChrystal pede uma reorganização das tropas no país, de modo que mais soldados estejam nas zonas mais densamente povoadas, especialmente nas cidades.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.