Dias depois de dizer aos estudantes da Universidade de Stanford que a simulação de afogamento era uma tática legalizada "se fosse autorizada pelo presidente", a ex-secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, foi pressionada novamente sobre a questão da tortura, mas dessa vez por alunos de uma escola primária de Washington.
Segundo o jornal Washington Post, Rice fez a sua primeira aparição em Washington desde que deixou o governo Bush durante uma visita a uma escola judaica. Além de manifestar o seu amor por Israel, ela deveria falar da importância de viajar para o exterior e aprender idiomas para enfrentar o mercado de trabalho. Segundo o programa previsto para a visita, Rice deveria abrir para perguntas. Tudo parecia normal, até que Misha Lerner, um estudante de Bethesda perguntou "O que Rice pensa sobre o governo do presidente Obama dizer sobre os métodos que o governo Bush usou para conseguir informação dos presos?"
A expressão de espanto da ex-responsável da chancelaria americana foi visível, mas dizendo que não criticaria Obama, Rice respondeu. "Permita que eu diga que o presidente Bush foi muito claro de que queria fazer o possível para proteger o país. Depois do 11 de setembro, nós queríamos proteger o país", afirmou. "Mas ele foi também muito claro que não variamos nada, nada, contra a lei ou contra as nossas obrigações internacionalmente". "Espero que você entenda que foi um período difícil. Nós estávamos aterrorizados com outro ataque no país. O 11 de setembro foi o pior dia da minha vida no governo, assistir 3 mil americanos morrerem. Ainda que sob circunstâncias difíceis, o presidente não estava preparado para fazer algo ilegal, e espero que as pessoas entendam que ele tentou proteger o país".
A mãe do aluno reconheceu depois que o menino perguntou se, caso Rice trabalhasse para o governo Obama, poderia promover os mesmos métodos que só se falava hoje na televisão do país. Mais uma criança perguntou a mesma coisa. Dias antes, Rice assegurou durante uma conferência na Universidade de Stanford que a simulação de afogamento era legal "por definição se foi autorizada pelo presidente". As palavras criaram polêmica nos EUA quando a nova administração de Obama abriu o caminho para julgar os responsáveis por criar todo o trâmite legal para permitir o uso de técnicas de tortura nas prisões da CIA e do Exército.
