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Cruz Vermelha elogia plano do Pentágono para presos afegãos

Por STE
Atualização:

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) elogiou na terça-feira um plano do Pentágono para reavaliar regularmente a detenção de prisioneiros numa base aérea mantida pelos EUA no Afeganistão. Patrick Hamilton, subdiretor da delegação do CICV no Afeganistão, disse que a agência humanitária espera retomar em breve suas visitas aos presos da base de Bagram. Falando à Reuters, esse escocês que fala pashto disse que há "sinais encorajadores", especialmente desde que o general Stanley McChrystal assumiu o comando das forças dos EUA e da Otan no Afeganistão, em junho, anunciando como prioridade a proteção dos afegãos. "Sentimos que há um maior envolvimento, que a questão está sendo levada mais a sério e que medidas estão sendo tomadas", disse Hamilton. "Há uma melhoria no diálogo a respeito dessas questões ... Tem havido questões de ambas as partes a respeito de um comportamento que é ocasionalmente indiscriminado e desproporcional", disse ele, referindo-se a ataques dos EUA e do Taliban. O Pentágono afirmou na segunda-feira que cerca de 600 prisioneiros afegãos na Base de Bagram, ao norte de Cabul, teriam "a oportunidade de contestar suas detenções" a cada seis meses, e que os militares dos EUA então avaliariam "se eles merecem ou não ficar detidos". "Estaremos monitorando essas mudanças durante os próximos meses, obviamente com grande interesse", disse Hamilton na sede do CICV, onde ele está próximo de encerrar uma permanência de oito meses no Afeganistão. A Base de Bagram abriga presos suspeitos de ligação com o Taliban desde que as forças norte-americanas e afegãs derrubaram o regime islâmico desse grupo, no final de 2001, em reação aos atentados de 11 de Setembro daquele ano. Críticos dizem que a detenção desses militantes sem acesso a tribunais, advogados ou familiares viola o direito afegão e internacional. Autoridades do CICV inspecionam as condições em Bagram nos últimos oito anos, submetendo suas conclusões confidenciais às autoridades dos EUA. "Até onde estamos cientes, estamos sendo notificados de todas as pessoas que os EUA estão mantendo em Bagram", afirmou Hamilton. Dois prisioneiros morreram em 2002 no local, depois de serem agredidos por soldados norte-americanos, e ativistas de direitos humanos dizem que os presos têm protestado contra as condições no local. O CICV, que tem cerca de 1.450 funcionários no Afeganistão, teve de suspender suas visitas aos presos de Bagram em meados de julho, por causa de uma "greve" dos detentos.

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