Um grupo de ajuda do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) recebeu autorização para entrar na Ossétia do Sul depois que a Rússia concordou que a agência deve ter acesso à província rebelde georgiana, informou a CICV na quarta-feira, 20. Veja também: Rússia planeja construir zona de segurança na Ossétia do Sul Rússia controla Gori, mas abandona 4 postos Rússia desqualifica Otan; retirada acaba na 6.ª Geórgia e Rússia fazem 1ª troca de prisioneiros Ouça o relato de Lourival Sant'Anna Imagens feitas direto de Gori, na Geórgia Godoy e Cristiano Dias comentam conflito Entenda o conflito separatista na Geórgia As autoridades da autoproclamada república da Ossétia do Sul tinham ignorado até agora os insistentes pedidos das Nações Unidas e do próprio CICV para que houvesse permissão para traslado de ajuda essencial às vítimas dos combates. Nenhuma entidade internacional independente conseguiu avaliar a situação na região após a escalada do conflito. O presidente da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, disse em uma coletiva que um grupo de sete membros, incluindo um médico e um especialista em proteção civil, deve chegar à capital da província, Tskhinvali, ainda na quarta-feira. "Depois de algum suspense, acho que atingimos o objetivo principal", disse Kellenberger, que acaba de voltar de uma visita à Geórgia, à Ossétia do Norte (que fica na Rússia) e Moscou, onde conversou com autoridades de ambos os lados do conflito. Conseguir acesso à Ossétia do Sul - da qual milhares de pessoas fugiram da tentativa de retomada do território, nos dias 7 e 8 de agosto - era um objetivo-chave de suas conversas em Vladikavkaz, Ossétia do Norte, e na capital russa, segundo ele."Temos indicações de que há necessidades importantes na região que ainda não foram atendidas", disse. O escritório de ajuda humanitária da ONU recebeu "informações ainda sem confirmar" que indicam que "80% de Tskhinvali (capital da Ossétia do Sul) ficou destruída", disse na terça-feira um porta-voz das Nações Unidas em Genebra. Kellenberger evitou fazer uma avaliação da situação humana no território à espera dos primeiros reportes da missão que enviou, mas completou que além da ajuda humanitária às vítimas, a CICV pedirá acesso aos prisioneiros de guerra e outras pessoas detidas em relação com o conflito, assim como a povoados em regiões isoladas. O chefe do CICV disse que a permissão formal para seu comboio adentrar Tskhinvali veio do novo governo da Ossétia do Sul, formado no fim de semana. Kellenberger afirmou que o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse a ele em Moscou na terça-feira que a Rússia concorda com a idéia do CICV fazer trabalhos humanitários na província, que é apoiada pela Rússia e está sob seu controle militar. A ação georgiana em 7 e 8 de agosto tinha o objetivo de tomar o controle da Ossétia do Sul, que declarou independência da antiga nação soviética em 1991. A Rússia respondeu, mandando suas forças à Geórgia. A agência de refugiados da ONU disse na terça-feira que estima que 158.700 pessoas tiveram de abandonar suas casas devido ao conflito, incluindo cerca de 30 mil ossetianos do sul que agora estão na Ossétia do Norte.