PUBLICIDADE

Cruz Vermelha relata 'tortura' em prisões da CIA

Texto acusa os EUA explicitamente de violar o direito internacional no tratamento de suspeitos de terrorismo

Atualização:

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha conclui em um relatório secreto que o tratamento dispensado a suspeitos de terrorismo em prisões da CIA durante o governo Bush "constituiu tortura", disse o jornal The Washington Post nesta segunda-feira, 16, citando trechos recém-divulgados do documento de 2007. O relato das supostas brutalidades físicas e psicológicas dentro das prisões da CIA no exterior afirma também que algumas práticas dos EUA equivaliam a um "tratamento cruel, desumano ou degradante", de acordo com o Post. O texto da Cruz Vermelha acusa os EUA explicitamente de terem violado o direito internacional, que proíbe a tortura e os maus tratos a presos. Segundo o jornal, o CICV se baseou no acesso que teve a 14 presos "de alto valor" da CIA, que foram transferidos em 2006 para a prisão militar norte-americana de Guantánamo, encravada em Cuba. O relatório contém narrativas reiteradas de presos submetidos a agressões físicas, privação do sono, temperaturas extremas e eventualmente simulação de afogamento. De acordo com o jornal, cinco cópias do relatório foram entregues à CIA e à Casa Branca em 2007. O jornal diz que o relatório foi obtido por Mark Danner, professor de Jornalismo que já publicara longos trechos na edição de 9 de abril da New York Review of Books, que saiu no domingo. "O mau tratamento ao qual eles foram submetidos enquanto mantidos no programa da CIA, isoladamente ou em combinação, constitui tortura", disse o relatório, de acordo com Danner, que não explicou como obteve o documento. Muitos detalhes dos supostos maus tratos já haviam vindo à tona, mas o relatório do CICV é o relato mais autorizado até agora, e o primeiro a usar a palavra "tortura" no contexto jurídico, disse o Post. O jornal afirmou que a CIA não quis comentar a reportagem, e a Reuters ainda não conseguiu ouvir a agência. Uma fonte do governo ouvida pelo Post alegou que "as acusações (foram) feitas pelos próprios terroristas". O ex-presidente George W. Bush admitiu o uso de métodos agressivos de interrogatório contra suspeitos de terrorismo, mas em 2007 ele assegurou que o programa de interrogatórios da CIA respeitava a Convenção de Genebra, o que não impediu os EUA de continuarem recebendo críticas mundiais por seu comportamento.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.