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Cúpula americana se enfurece com declarações de McChrystal em artigo

Emprego do general está ameaçado, mas Casa Branca não diz se ele será demitido ou não

Atualização:

WASHINGTON - As polêmicas declarações do general Stanley McChrystal, comandante das forças dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, criticando o governo americano em um artigo da revista Rolling Stone deixou altos funcionários da Casa Branca enfurecidos, principalmente o presidente Barack Obama, um dos alvos dos ataques.

 

 

Obama, segundo seu porta-voz, Robert Gibbs, ficou muito aborrecido com as críticas de McChrystal. Segundo Gibbs, a Casa Branca não desconsidera a demissão do general, mas que nada está definido ainda e mais informações serão dadas quando ele conversar com o presidente na quarta-feira.

 

Segundo o governo, McChrystal cometeu um "enorme erro" ao dirigir duras e abertas críticas à administração no artigo que seria publicado na revista Rolling Stone do meio de julho. Em um dos comentários, o general disse que Obama não deu a atenção devida durante um das primeiras reuniões entre os dois. Questionado sobre a declaração, Gibbs disse que, na quarta, "ele terá toda a atenção que desejar".

 

O secretário de Defesa, Robert Gates, também mostrou-se furioso com a postura de McChrystal. "Eu li o texto da revista sobre o general. Acredito que ele tenha cometido um grande erro nesse caso", disse Gates por meio de comunicado, acrescentando que McChrystal se retratou com ele e que faria o mesmo com todos citados no artigo, mas que o assunto deveria ser "discutido pessoalmente".

 

O chefe de Estado Maior dos EUA, o almirante Mike Mullen, a maior autoridade militar do país, se disse "profundamente decepcionado" pelas críticas dirigidas à Casa Branca. "O chefe de Estado Maior falou com o general McChrystal na noite da segunda-feira sobre a artigo e expressou sua profunda decepção pelos comentários presentes no texto", disse o porta-voz de Mullen, o capitão John Kirby.

 

David Obbey, chefe do Comitê de Apropriações do Congresso americano, órgão que supervisiona os gastos das guerras em que os EUA se envolvem, foi mais longe e pediu a saída de McChrystal do comando das operações no Afeganistão. "Se ele disse de verdade metade do que está sendo dito, não deveria estar na posição em que está", disse.

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Três senadores também se voltaram contra McChrystal e o condenaram. Os republicanos John McCain e Lindsey Grajam e o idnependente Joe Lieberman disseram, por meio de comunicado, que "os comentários do general divulgados pela Rolling Stone são inapropriados e contraditórios com a relação tradicional entre um comandante em chefe e o Exército".

 

McChrystal foi convocado para esclarecer suas declarações na quarta-feira, em uma reunião com Obama e a cúpula do governo. O general já emitiu um comunicado se retratando pelo ocorrido, dizendo que "foi um erro que nunca deveria ter acontecido". A divulgação do artigo já causou a renúncia de um de seus principais assessores.

 

(Com informações das agências Reuters, AP e AFP)

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