ENTREVISTA-Comissária da ONU quer investigação ampla sobre CIA

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Por STE
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A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, defendeu nesta quinta-feira que as investigações sobre supostos abusos da CIA contra presos cheguem aos escalões políticos mais elevados. Em uma abrangente entrevista à Reuters, Pillay, de 67 anos, pediu aos países europeus e de outras regiões que aceitem receber detentos da base de Guantánamo, para que o governo de Barack Obama possa desativar a prisão para suspeitos de terrorismo até o final do ano. Ela também defendeu investigações com credibilidade sobre as mortes de jornalistas e trabalhadores humanitários na Rússia, e manifestou preocupação com o destino dos presos no Irã após os protestos pós-eleitorais. A ex-juíza de crimes de guerra da ONU, que completa na próxima terça-feira um ano no cargo de alta comissária, disse estar usando uma mistura "instintiva" de diplomacia discreta e condenação pública para chamar a atenção para violações no mundo todo. Nesta semana, o Departamento de Justiça dos EUA nomeou um promotor especial para investigar as técnicas adotadas pela agência de inteligência dos EUA durante o governo de George W. Bush para interrogar suspeitos de terrorismo. "Sempre que as pessoas estão sob jurisdição dos Estados Unidos, os Estados Unidos têm de ser vistos como mantenedores do altíssimo padrão que eles reivindicam para seus próprios cidadãos," disse Pillay à Reuters em seu escritório, com vista para o lago Genebra. Ela afirmou que qualquer tortura ou morte infligida a suspeitos mantidos por autoridades dos EUA em qualquer lugar do mundo --inclusive na base militar de Bagram, no Afeganistão-- deveria ser incluída nessa investigação. Questionada sobre se o inquérito deveria ir além de estabelecer a culpabilidade penal de interrogadores da CIA, Pillay respondeu: "Essa é a lei internacional a respeito da responsabilização --você não para na infantaria, vai direto até a autoridade máxima que for legalmente responsável." "E isso inclui aqueles que conceberam a política, os que a ordenaram," prosseguiu Pillay, sul-africana de origem tâmil. Membros do governo Bush, especialmente o ex-vice-presidente Dick Cheney, têm defendido as práticas adotadas pela CIA naquela época. Cheney diz que informações obtidas em interrogatórios agressivos foram úteis para evitar atentados e salvar vidas.

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