20 de dezembro de 2010 | 22h09
A Venezuela formalizou nesta segunda-feira, 20, sua rejeição ao novo embaixador dos Estados Unidos em Caracas, e o Departamento de Estado norte-americano alertou que isso pode ter consequências para as já abaladas relações bilaterais.
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Segundo P.J. Crowley, porta-voz do Departamento de Estado, o chanceler interino da Venezuela informou à embaixada dos EUA que o governo de Hugo Chávez retirou sua aprovação ao embaixador Larry Palmer, cuja nomeação aguarda a confirmação do Senado norte-americano.
"Obviamente isso tem consequências em termos das nossas relações com a Venezuela", disse Crowley a jornalistas.
"Alertamos a eles que, se eles forem retirar o aval, isso terá um impacto sobre as nossas atuais relações. Eles tomaram essa decisão. E obviamente vamos avaliar o que fazer à luz dela."
A nomeação de Palmer causa atritos entre os dois países desde agosto, e Chávez disse que o diplomata não seria autorizado a assumir o posto por causa de críticas que fez ao governo esquerdista venezuelano.
Os Estados Unidos são os maiores compradores do petróleo venezuelano, mas a perspectiva de uma reaproximação diplomática entre os dois países parece ainda mais remota desde que a Assembleia Nacional venezuelana aprovou nesta semana uma autorização para que Chávez governe por decreto durante 18 meses.
Crowley disse que Washington não tem intenção de retirar a nomeação de Palmer, e não quis dizer se em represália os EUA poderiam cancelar as credenciais do embaixador da Venezuela. "Quando decidirmos o que fazer, vocês saberão", afirmou.
Palmer irritou o governo Chávez quando disse a um senador dos EUA que os militares venezuelanos estão com moral baixo, e que existem claras ligações entre membros do governo e rebeldes da guerrilha Farc na vizinha Colômbia.
Crowley disse que os EUA continuam convencidos de que Palmer é a pessoa indicada para o cargo.
Chávez é hoje o principal crítico dos EUA na América Latina. No começo do ano passado, ele dizia estar disposto a construir uma boa relação com o então recém-empossado presidente norte-americano, Barack Obama. Mas as relações rapidamente voltaram a piorar, e Chávez retomou a mesma retórica agressiva contra os EUA que tem marcado seus 11 anos no poder.
(Reportagem de Andrew Quinn)
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