EUA aumentam pressão contra o narcotráfico na Colômbia

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Por KEVIN GRAY
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As autoridades dos EUA estão aumentando os esforços contra traficantes colombianos que abastecem quadrilhas no México, envolvidas em uma violenta guerra contra as forças do governo local. Na quarta-feira, um tribunal federal de Miami indiciou o colombiano Diego Pérez Henao, apontado como líder de um dos "bacrims" (bandos criminosos) relacionados aos traficantes mexicanos. Pérez Henao continua foragido. Os "bacrims" se espalharam ocupando o vácuo deixado pelos outrora poderosos cartéis colombianos da cocaína, como o Cartel de Cali e o Cartel do Norte del Valle. O Ministério Público dos EUA, em Miami, também anunciou na quarta-feira a criação de uma unidade especial voltada para o combate às quadrilhas, em cooperação com as autoridades judiciais colombianas. Autoridades dos EUA dizem que os "bacrims" são formados basicamente por ex-membros de grupos paramilitares de direita, mas que incluem também ex-guerrilheiros de esquerda da Colômbia. Juntos, eles estariam levando várias toneladas de cocaína por mês para pontos de desova na América Central e no México, onde a droga seria adquirida por cartéis mexicanos. Mais de 34 mil pessoas já morreram em todo o México desde que o presidente Felipe Calderón tomou posse e mobilizou o Exército para combater o narcotráfico. Além de confrontarem as forças de segurança, os cartéis também guerreiam entre si, numa situação que afasta investidores e turistas. Como os cartéis colombianos foram abatidos em operações patrocinadas pelos EUA, autoridades dizem que as quadrilhas mexicanas assumiram a tarefa de levar a cocaína da Colômbia para o lucrativo mercado dos EUA. "O sucesso da repressão em remover a liderança de grandes organizações colombianas de tráfico de drogas resultou em pequenos grupos se unindo para continuar a importação em larga escala de cocaína para os Estados Unidos", disse em nota Mark Trouville, agente especial da DEA (órgão dos EUA para o combate às drogas). A Colômbia já recebeu desde 2000 mais de 6 bilhões de dólares em ajuda dos EUA para combater traficantes e guerrilheiros, mas o país continua sendo o maior produtor mundial de cocaína, exportando cerca de 400 toneladas por ano. Pelo menos oito outros colombianos foram recentemente indiciados pela Justiça dos EUA. Três deles estão presos na Colômbia aguardando a extradição. Os processos contra eles se baseiam em um estatuto jurídico dos EUA que atinge pessoas envolvidas na produção e distribuição de mais de cinco quilos de cocaína que se destinem ao mercado norte-americano, mesmo que esses indivíduos se encontrem fora do país. (Reportagem adicional de Robin Emmott em Monterrey e Jack Kimball em Bogotá)

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