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EUA barram iniciativas palestinas de autonomia em órgãos da ONU

Por TOM PERRY
Atualização:

Longe das manchetes, os palestinos vêm procurando levar adiante sua agenda de conquista de um Estado próprio aos poucos, de modo simbólico, em agências das Nações Unidas cuja existência a maioria das pessoas desconhece. Mas, mesmo nos segmentos menos destacados no grande sistema da ONU, seus esforços vêm sendo bloqueados pelos EUA, que, seguindo sua intenção de agir como mediador honesto nas difíceis negociações de paz dos palestinos com Israel, estão decididos a não demonstrar o menor viés em favor dos palestinos. Muitos israelenses desconfiam que o presidente Barack Obama esteja determinado a criar um Estado palestino, custe o que custar. Mas em Ramallah, na Cisjordânia, sede da limitada autoridade autônoma palestina, a impressão das pessoas é que Obama não é tão sério quanto parece nessa intenção. "Poderíamos ter ido à votação e conseguido o que queríamos", disse Sulaiman Zuhairi, membro da delegação palestina que, no mês passado, participou de uma reunião da União Internacional de Telecomunicações, no México. Zuhairi apresentou uma moção que teria garantido aos palestinos os direitos equivalentes ao de um Estado membro da organização. Após meses de preparativos diplomáticos, a moção foi endossada por cerca de 50 países e estava pronta para ser aprovada com o apoio de 40 outras nações. "Pedimos os direitos e privilégios de um Estado, sem sermos um Estado membro. Que nos chamem do que quiserem, mas eu queria todos os direitos de um Estado membro", disse ele. Mas houve objeções por parte dos EUA, e os palestinos recuaram, temendo as consequências que poderiam advir. O Departamento de Estado dos EUA não comentou o assunto. Mas as objeções apresentadas foram coerentes com a política, seguida há muito tempo, de tratar os palestinos, sem Estado, como não mais que um membro observador das Nações Unidas. SLOGANS Os palestinos tinham ousado esperar mais de um governo norte-americano publicamente favorável à criação do Estado palestino. Seu presidente, Mahmoud Abbas, não mediu as palavras ao falar de seu desapontamento. Em discurso feito em 11 de novembro, Abbas foi franco ao expressar sua frustração com a abordagem dos EUA, concentrando-se na oposição de Washington à ideia de os palestinos buscarem apoio do Conselho de Segurança da ONU para a criação de seu Estado. Abbas lembrou a Obama que a criação do Estado palestino "é uma promessa e uma dívida em volta do pescoço de vocês e precisa ser cumprida", mas pareceu diluir as expectativas quando disse que o apoio dos EUA à criação do Estado palestino "ainda está na fase dos slogans". O enviado de paz de Obama ao Oriente Médio, George Mitchell, vem deixando claro em cada visita que faz à região que Washington confia que Israel e os palestinos se abstenham de tomar medidas unilaterais que possam prejudicar as negociações sobre as questões-chaves.

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