EUA, Canadá e México discutem estratégias comuns

Os "três amigos" Obama, Calderón e Harper se reúnem sob forte esquema de segurança em Guadalajara

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Por Agência Estado
Atualização:

O presidente do Estados Unidos, Barack Obama, se reúne nesta segunda-feira, 10, com seus colegas de México, Felipe Calderón, e Canadá, Stephen Harper, para planejar ações contra a gripe A H1N1, o narcotráfico e cooperação no setor da economia. É a primeira vez que Obama participa do encontro de líderes da América do Norte.

 

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Houve um grande reforço na segurança na cidade de Guadalajara, no oeste do México, para o breve encontro. A expectativa era mais por ajustes, e não por grandes anúncios, no encontro entre os líderes da diversa região onde vivem quase 450 milhões de pessoas. O trio também pretende discutir abordagens comuns na economia, antes da reunião do G-20 para discutir a crise em Pittsburgh, no próximo mês.

 

"Nosso engajamento com o Hemisfério Ocidental é crítico para o avanço de nossos interesses nacionais, e fundamental para nossa segurança e bem-estar econômico", afirmou o conselheiro nacional de segurança de Obama, Jim Jones.

 

Obama chegou no fim do domingo ao México e em seguida já iniciou conversas com Calderón, no terceiro encontro privado da dupla neste ano. Em seguida, Harper se uniu aos dois para um jantar fechado. Obama expressou seu "forte apoio" ao combate de Calderón aos narcotraficantes, mas reiterou a importância do respeito aos direitos humanos. Anteriormente, vários congressistas norte-americanos demonstraram preocupação pelos vários relatos de abusos das forças mexicanas.

 

No encontro desta segunda-feira, Canadá e México devem pressionar os EUA contra medidas protecionistas, populares no Congresso norte-americano. Às 13h35 (de Brasília), o trio concede entrevista coletiva, encerrando o evento. Um tema dominante será a crescente violência ligada aos cartéis do tráfico, que já matou milhares de pessoas no México desde 2008. O problema se espraia no submundo do crime nos EUA e também no Canadá.

 

Os EUA são o principal consumidor de cocaína do mundo. O país concordou em enviar US$ 1,4 bilhão ao México em auxílio para a luta contra as drogas, no âmbito da Iniciativa Mérida. A medida ainda aguarda aprovação no Congresso. Neste domingo, uma advogada conhecida por defender suspeitos de narcotráfico foi assassinada no norte do México, após escapar de várias tentativas de matá-la. Raquenel Villanueva, de 55 anos, foi morta a tiros por um grupo desconhecido, na cidade de Monterrey. As autoridades mexicanas contabilizavam 12 assassinatos ligados às drogas desde a noite de sábado, na perigosa região da fronteira entre EUA e México. Houve também mortes em Ciudad Juárez, onde um homem foi assassinado e teve sua cabeça e seus genitais cortados.

Outro tema deve ser o sistema de transportes, vital para o comércio na região, diante da epidemia de gripe A H1N1. Nos próximos meses, ocorre a chamada temporada de gripe na região. O comércio entre EUA e Canadá é estimado em US$ 1,5 bilhão por dia em produtos, e por volta de 300 mil pessoas cruzam a fronteira todos os dias. Os EUA são cruciais para a economia mexicana, tendo comprado 82% das exportações do vizinho em 2007, segundo dados do governo norte-americano.

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Com as dificuldades dos EUA, o México enfrenta uma forte recessão, com boa parte de sua indústria ligada aos setores dos EUA em dificuldade, entre eles o automotivo e o de construção. Os imigrantes no norte têm também enviado menos dinheiro para seus familiares no México. Em março, os EUA cancelaram um programa permitindo que alguns caminhões mexicanos entrassem em seu território, violando o Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA). O governo mexicano reagiu, impondo o equivalente a US$ 2,4 bilhões em tarifas para 89 produtos norte-americanos.

 

Outros assuntos discutidos devem ser a luta contra o aquecimento global, a crise política em Honduras e as políticas de imigração dos EUA.

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