EUA e Irã intensificam esforços para fechar acordo nuclear histórico

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Por JONATHAN ALLEN E JOHN IRISH
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O Irã e os Estados Unidos intensificaram seus esforços nesta sexta-feira para superar as profundas divisões nas conversas a respeito do programa nuclear de Teerã a poucos dias do prazo final de um acordo. Como a data limite para o entendimento para encerrar um impasse de 12 anos sobre as ambições nucleares iranianas vence na próxima segunda-feira, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, tiveram um segundo encontro inesperado em Viena no início da noite desta sexta-feira no horário local. EUA, China, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha iniciaram uma rodada final de conversas com o Irã na terça-feira, almejando selar um pacto segundo o qual Teerã frearia seu programa nuclear para ajudar a garantir que ele não possa ser direcionado para a fabricação de bombas em troca da suspensão das sanções econômicas que prejudicam o país. Mas no meio da semana autoridades familiarizadas com as negociações em Viena disseram que os dois lados continuam inflexíveis nos temas centrais, não devem conseguir um acordo definitivo até 24 de novembro e podem precisar ampliar o prazo. O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e Kerry concordaram que “esforços adicionais” são necessários para se chegar a um acordo até o prazo autoimposto, declarou o Ministério russo das Relações Exteriores. “As partes não descartaram a possibilidade de realizar uma reunião ministerial das partes envolvidas nas conversas a respeito do programa nuclear do Irã, se surgir a perspectiva de progresso”, informou a pasta em um comunicado. O secretário britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond, afirmou depois de reuniões separadas nesta sexta-feira com seus colegas das grandes potências em Viena: “Estes são temas complexos, e ainda há lacunas significativas entre as partes. Todos nós teremos discussões técnicas com nossos especialistas depois de sairmos daqui e retomaremos... no final de semana”. As potências ocidentais suspeitam que Teerã tenha pretendido adquirir a capacidade de fazer uma bomba nuclear através do enriquecimento de seu estoque de urânio, enquanto o Irã afirma que o programa almeja produzir somente energia para uso civil, e o impasse despertou temores de uma guerra mais ampla no Oriente Médio. O chanceler iraniano cancelou os planos já anunciados de que voltaria à capital de seu país para ter discussões de primeiro escalão na véspera do prazo, relatou a mídia iraniana, mas a razão da mudança de curso não foi esclarecida de imediato. Mais cedo, autoridades dos EUA e da França declararam que Kerry e o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, iriam voltar a Paris ainda nesta sexta-feira depois da reunião com Zarif, e que Kerry e Fabius devem retornar a Viena durante o final de semana. Uma fonte a par das conversas disse à Reuters que Zarif recebeu um documento das potências delineando os princípios essenciais de um possível acordo para retirar as sanções a Teerã tendo como contrapartida a imposição de limites ao programa nuclear. Diplomatas ocidentais afirmaram à Reuters no começo desta semana que a proposta esboçada pelos EUA e mostrada ao Irã em conversas preparatórias em Omã no começo do mês pedem que o país reduza o número de centrífugas de enriquecimento de urânio para 4.500, bem abaixo das 19 mil que Teerã tem instaladas atualmente, e das quais cerca de 10 mil estão em operação. (Reportagem adicional de Parisa Hafezi, Louis Charbonneau e Fredrik Dahl)

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