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EUA repatriam dois presos de Guantánamo para o Sudão

Atualização:

Os Estados Unidos devolveram ao país de origem dois sudaneses que estavam presos na base naval de Guantánamo, informou o Departamento de Defesa na quarta-feira, em mais um passo rumo à desativação da prisão militar encravada em Cuba. A repatriação de Noor Uthman Muhammed, que tem cerca de 46 anos, e de Ibrahim Idris, de aproximadamente 52 anos, reduziu a 158 o número de prisioneiros de Guantánamo, segundo nota emitida pelo tenente-coronel J. Todd Breasseale, porta-voz do Departamento de Defesa. "Os Estados Unidos se coordenaram com o governo do Sudão a respeito de medidas de segurança apropriadas e para garantir que essas transferências sejam consistentes com nossa política humana de tratamento", disse Breasseale. A prisão de Guantánamo foi montada para receber não americanos presos em operações de contraterrorismo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, que mataram quase 3.000 pessoas. O presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu durante sua campanha eleitoral de 2008 que fecharia a prisão de Guantánamo, alegando que o local fere a reputação internacional dos EUA. Mas Obama foi incapaz de fazer isso desde que assumiu o cargo, em parte por causa da resistência do Congresso. Noor, que pediu para ser tratado pelo primeiro nome, passou quase nove anos preso em Guantánamo antes de se declarar culpado, em fevereiro de 2011, do crime de conspirar com a Al Qaeda para fornecer apoio material aos militantes. Ele admitiu ter sido instrutor de armas no acampamento paramilitar de Khaldan, no Afeganistão, entre 1996 e 2000. Em troca da confissão e da cooperação com os promotores, ele foi condenado a 34 meses de prisão, pena que expirou em 3 de dezembro. Idris, que não chegou a ser indiciado, foi libertado por ordem de um juiz de primeira instância, em outubro, depois de seus advogados argumentarem que ele estava física e mentalmente incapacitado de representar uma ameaça. Ele é obeso e diabético, e foi diagnosticado com esquizofrenia logo depois de chegar a Guantánamo, em 2002. Passou a maior parte da última década numa ala psiquiátrica. Em 2008, os militares dos EUA o apontaram como um dos principias mensageiros de Osama bin Laden, o falecido líder da rede Al Qaeda, e depois se tornou médico no campo de treinamento Farouq, no Afeganistão. Não há informações sobre o tratamento médico que Idris receberá após ser solto. Ele sofre de alucinações visuais e auditivas. Neste mês, os EUA já haviam repatriado dois prisioneiros para a Arábia Saudita, e outros dois para a Argélia. (Reportagem de Jane Sutton, em Miami; Eric M. Johnson, em Seattle; e David Alexander, em Washington)

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