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FBI deixa de examinar documentos suspeitos por falta de tradutor

Por JEREMY PELOFSKY
Atualização:

O FBI, polícia federal norte-americana, perdeu 3 por cento de seus linguistas e deixou de verificar milhões de documentos enquanto aumentavam os casos de suspeita de terrorismo na agência, segundo um documento divulgado nesta segunda-feira. Depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, o FBI e as agências de inteligência norte-americanas foram criticadas por não ter linguistas em número suficiente, principalmente para línguas faladas no Oriente Médio, Paquistão e Afeganistão. Além de perder 40 dos 1.338 linguistas que o FBI tinha em seu auge, em março de 2005, a agência agora demora 19 meses em média para contratar um linguista, dos 16 meses de antigamente, disse o inspetor geral do Departamento de Justiça. O FBI tinha 883 tradutores em 2001, e apesar dos esforços para recrutar mais pessoas, eles ainda enfrentam investigações prolongadas da segurança que podem levar até 14 meses, e outros cinco meses para testes de proficiência. O relatório também descobriu que o FBI ficou aquém de suas metas de contratação no ano passado --apenas para duas das 14 línguas na previsão original, mas o documento não identificou quais línguas eram porque a informação era secreta. "Não conseguir contratar um número adequado de linguistas afeta a capacidade do FBI em lidar com os crescentes documentos que precisam de tradução e em reduzir o atual acúmulo de material ainda não examinado", disse Glenn Fine, inspetor geral do Departamento de Justiça, sobre o relatório. Nos anos fiscais de 2006 a 2008, 31 por cento dos cerca de 46 milhões de arquivos eletrônicos não foram examinados. Além disso, cerca de 25 por cento dos 4,8 milhões de horas de áudio coletadas em fitas e outras vigilâncias entre 2003 e 2008 não foram revisadas. Para que esse material fosse examinado, seriam necessários 100 linguistas, que levariam sete anos se trabalhassem 40 horas por semana. No material não revisado estão cerca de 737 horas de áudio e 6.801 arquivos eletrônicos --alguns em inglês-- que estavam no topo da lista de casos de contraterrorismo e contrainteligência em 2008. O FBI contestou alguns números do relatório, dizendo que parte do material estava duplicada. A agência também disse que seria perda de recursos traduzir e examinar cada arquivo eletrônico que coleta e que tem um sistema para identificar a informação nos arquivos, se necessário. "O FBI continua comprometido em rever todo o material em língua estrangeira em tempo hábil e estabelecendo prioridades para garantir que os materiais mais importantes recebam a atenção mais imediata", disse a agência em um comunicado.

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