Fora da cédula, senadora dos EUA está perto de vitória histórica

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Por YERETH ROSEN
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Depois de ser preterida por seu partido nas eleições primárias, a senadora republicana Lisa Murkowski, do Alasca, está prestes a conseguir algo inédito no último meio século nos EUA: ser eleita sem estar na cédula de votação. Murkowski foi escolhida por iniciativa de eleitores que escreveram seu nome - ou algo parecido com ele - em vez de marcar uma opção pré-definida. Para ser eleita, no entanto, depende da reavaliação de quase 100 mil votos. A tediosa tarefa começou na quarta-feira, quase uma semana depois da eleição parlamentar de 2 de novembro. A contagem ocorre num galpão alugado, e pode terminar no fim de semana, embora as autoridades digam que o processo está indo mais devagar do que se previa, e que podem ocorrer contestações judiciais. É a última disputa ainda em aberto nas eleições para o Senado nos EUA. Mas o resultado não afetará o equilíbrio de forças no Congresso, já que de qualquer maneira o Partido Democrata (governista) manterá a maioria entre os senadores. Na quarta-feira, a Justiça rejeitou um pedido do candidato republicano Joe Miller, ligado ao movimento conservador Tea Party, para que a recontagem fosse suspensa. Murkowski, integrante de uma tradicional família política do Alasca, perdeu a eleição primária do Partido Republicano, em agosto, e decidiu concorrer à reeleição como candidata independente, pedindo que seu nome fosse escrito na cédula -- o chamado "write-in", prática normalmente reservada a excêntricos candidatos "nanicos". A maior dificuldade para isso, no entanto, era ensinar os eleitores a escreverem corretamente o complicado sobrenome dela. Parte do trabalho da revisão dos votos é tentar entender a intenção do eleitor, mesmo que a grafia do nome esteja errada. Até a noite de terça-feira, 92.528 votos haviam ido para um candidato "write-in" -- ou seja, nem para o republicano Miller nem para o democrata Scott McAdams. Isso representa 40 por cento do total de votos já apurados. Acredita-se que a maioria desses votos "avulsos" foram para Murkowski. Dessa forma, ela ficaria à frente de Miller, que teve 35 por cento dos votos, e de McAdams, com 23 por cento. Restam cerca de 25 mil votos para serem apurados, o que não deve afetar o resultado final. O último político a chegar ao Senado como candidato "write-in" foi o então democrata Strom Thurmond, da Carolina do Sul, em 1954. As campanhas de Miller e Murkowski contrataram equipes jurídicas e fiscais para acompanharem a apuração. Miller recusou-se a admitir a derrota. "Esta disputa não acaba até que os votos sejam apurados", afirmou ele na semana passada à emissora NBC. "O discursinho de vitória que ela (Murkowski) fez há alguns dias pode na verdade ter sido prematuro".

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