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Grupos diversos se unem por centro islâmico em NY

Por MICHELLE NICHOLS
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Grupos muçulmanos, judaicos, cristãos e laicos formaram na quarta-feira uma coalizão para dar apoio à construção de um centro cultural islâmico perto do terreno onde ficava o World Trade Center, uma obra que provocou um acalorado debate nos Estados Unidos. O centro cultural, no qual haveria também uma mesquita, foi visto como uma afronta por políticos e cidadãos conservadores, indignados com a realização de cultos islâmicos tão próximos do local onde militantes muçulmanos mataram quase 3.000 pessoas em 11 de setembro de 2001, lançando aviões comerciais contra as torres gêmeas do World Trade Center. Mas a recém-criada coalizão Vizinhos de Nova York pelos Valores Americanos, formada por 40 entidades, disse que o debate está gerando medo e divisão, e que é preciso lutar pelo respeito às liberdades previstas na Constituição. "Não fomos atacados pelo mundo muçulmano", disse Donna O'Connor, porta-voz do grupo Famílias do 11 de Setembro por Amanhãs Pacíficos, e cuja filha -- grávida -- foi morta no atentado. "Apoiamos cem por cento o centro cultural islâmico na cidade de Nova York", acrescentou ela. O assunto virou tema da campanha para as eleições parlamentares de novembro, e muitos dos taxistas muçulmanos de Nova York disseram que a polêmica motivou um recente ataque a um colega. O motorista Ahmed Sharif, 43 anos, imigrante de Bangladesh, disse ter sofrido cortes no pescoço, rosto e ombro na terça-feira, e que a agressão foi cometida por um passageiro que lhe perguntou se ele era muçulmano e observava o jejum no atual mês do ramadã. A polícia disse que o caso está sendo investigado como crime racial, e que um rapaz de 21 anos foi preso como suspeito. O jornal The New York Times disse que o suposto agressor foi voluntário na ONG Intersections International, que promove a compreensão entre as culturas e neste mês divulgou nota em prol da construção do centro cultural islâmico. Em nova nota, a Intersections International declarou que não comentaria ligações do jovem com a organização. "Deploramos a violência e qualquer ato que possa ser categorizado como crime de ódio", disse a ONG. Bhairavi Desai, dirigente da Aliança dos Trabalhadores de Táxis de Nova York, afirmou que polêmica sobre o centro cultural deixou os muçulmanos de Nova York vulneráveis. A entidade estima que metade dos taxistas da cidade professe a fé islâmica. O prefeito Michael Bloomberg receberá Sharif na quinta-feira em seu gabinete. "Este ataque vai contra tudo o que os nova-iorquinos acreditam, não importa para qual Deus nós rezemos", disse Bloomberg em nota. (Reportagem adicional de Daniel Trotta)

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