Guerra contra Al Qaeda não será indefinida, diz advogado do Pentágono

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Por DAVID INGRAM
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A campanha militar dos EUA contra a Al Qaeda não deve ser vista como um conflito sem fim determinado, disse na sexta-feira o advogado-chefe do Pentágono, num discurso que abordou um assunto raramente discutido por autoridades dos EUA. Jeh Johnson previu que a Al Qaeda algum dia será "efetivamente destruída" a tal ponto que os EUA deixariam de considerar esse um conflito armado. O texto do discurso, a ser proferido na Universidade de Oxford (Grã-Bretanha), foi entregue antecipadamente à Reuters em Washington. O governo dos EUA costuma citar a existência de um conflito armado como base jurídica para práticas como a detenção indefinida de integrantes da Al Qaeda e de grupos aliados. As declarações de Johnson podem desencadear um debate político global, com argumentos para a direita e a esquerda. O discurso de Johnson não prevê quando o conflito armado irá terminar, já que, diz o texto, a Al Qaeda e suas afiliadas do Iêmen e de outros países continuam sendo um perigo. Mas o advogado buscou enquadrar a discussão dentro do que ele disse serem os princípios jurídicos convencionais, e não uma nova estrutura legal surgida depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. "Agora que os esforços dos militares dos EUA contra a Al Qaeda estão em seu 12o ano, devemos também nos perguntar: como este conflito vai terminar?", disse Johnson, que foi nomeado para o cargo pelo presidente Barack Obama. Ele costuma ser citado como possível substituto de Eric Holder no cargo de secretário de Justiça no segundo mandato de Obama. Ex-advogado empresarial em Nova York e ex-procurador federal, Johnson está no centro dos debates internos do governo sobre segurança nacional desde que chegou ao Pentágono como assessor-geral, em 2009. Um "final aberto" para o conflito era o traço definidor daquilo que o então presidente George W. Bush descreveu como "guerra ao terrorismo", iniciada depois dos atentados de 2001 contra Washington e Nova York, que mataram 3.000 pessoas. Três dias depois dos atentados, o Congresso dos EUA autorizou o uso da força contra todas as "nações, organizações ou pessoas" que tenham planejado ou colaborado com os ataques.

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