Hillary aproveita sua fama e a de Obama na África

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Por SUE PLEMING
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Ele não estava lá, mas Hillary Clinton aproveitou fortemente a ascendência africana do presidente Barack Obama em sua viagem por sete países do continente, que termina nesta sexta-feira em Cabo Verde. "O presidente se considera um filho da África", disse a secretária de Estado norte-americana no Parlamento liberiano, repetindo uma declaração que fez em quase todas as escalas do seu périplo de 11 dias. No Quênia, onde nasceu o pai de Obama, Hillary usou esse fato para salientar a mensagem de combate à corrupção e de estímulo ao bom governo, que têm sido os pilares da relação do governo norte-americano com a África. "É (uma mensagem dura), mas é também apresentada com carinho. O presidente Obama quer muito que o Quênia seja o líder de um movimento de reformas", disse ela num encontro com alunos da Universidade de Nairóbi. Adversária de Obama na disputa interna do Partido Democrata pela candidatura presidencial, no ano passado, a secretária de Estado citou sua adesão ao novo governo como exemplo para estimular a reconciliação na Libéria e na República Democrática do Congo. "Gastei dois anos e muito dinheiro concorrendo contra o presidente Obama, e ele venceu. E aí fui trabalhar para elegê-lo. E aí, para meu grande deslumbramento, ele me convidou para ser sua secretária de Estado", disse ela a políticos liberianos, que a aplaudiram de pé. O status de celebridade da própria Hillary, de fato, foi notável. Centenas de pessoa se aglomeravam para vê-la em todas as escalas. Na Libéria, primeiro país africano a eleger uma mulher como presidente, grupos de mulheres acompanhavam Hillary a cada passo, levando um cartaz que a chamava de "nossa dama de ferro." Em Angola, o chanceler disse que o encontro com ela foi "sublime". Na Nigéria, o ministro de Relações Exteriores afirmou ter tido com ela "um momento lindo". Houve os tradicionais momentos para fotos -- como no encontro com dançarinos tradicionais e na visita a um projeto habitacional da Cidade do Cabo onde ela plantou flores. Mas as câmeras agiram contra Hillary na República Democrática do Congo, onde foi flagrada num momento de ira contra um estudante que perguntou sobre as opiniões de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, a respeito da política externa. "Meu marido não é o secretário de Estado. Eu sou", respondeu ela secamente, numa frase que chegou ao YouTube e deu o que falar nos blogs. Além dos habituais encontros com autoridades, Hillary também lotou sua agenda com conversas com estudantes e ativistas comunitários, o que fez com que se atrasasse constantemente. Na Nigéria, parecia desnorteada ao ouvir 17 líderes religiosos fazendo longos comentários. "Estou constipado de ideias", comentou um deles a certa altura, gerando sorrisos na sala. E, num dos momentos mais cômicos da viagem, um vereador queniano ofereceu 40 cabras e 20 vacas para poder se casar com a filha do casal Clinton, Chelsea. Hillary preferiu desconversar. "Vou comunicar essa gentilíssima oferta", respondeu.

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