Hillary Clinton diz que filme sobre Maomé é repugnante

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O governo dos EUA não tem nada a ver com o filme sobre o profeta Maomé que desencadeou protestos antiamericanos em países muçulmanos, disse nesta quinta-feira a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. O filme, aparentemente produzido nos Estados Unidos, motivou um ataque na terça-feira contra o consulado do país na Líbia, no qual morreu o embaixador e outros três funcionários do corpo diplomático norte-americano. Clipes colocados na internet mostram uma produção amadora que apresenta o profeta Maomé como mulherengo, homossexual e pedófilo. "O governo dos Estados Unidos não tem absolutmente nada a ver com esse vídeo. Nós rejeitamos totalmente seu conteúdo e mensagem", disse Hillary, no início de reuniões com autoridades do Marrocos, em Washington. "Para nós, para mim pessoalmente, esse vídeo é repugnante e repreensível. Parece ter um objetivo profundamente cínico: denegrir uma grande religião e provocar fúria." Para os muçulmanos, qualquer representação do profeta Maomé é uma blasfêmia. Caricaturas ou outras representações consideradas ofensivas já haviam provocado protestos no passado e atraído a condenação de autoridades, líderes religiosos, muçulmanos comuns e muitos cristãos no Oriente Médio. Ao mesmo tempo que distanciou o governo norte-americano do filme, Hillary mencionou o histórico de tolerância religiosa nos Estados Unidos e o compromisso do país com a liberdade de expressão. Disse ainda que não há justificativa para as pessoas reagirem com violência. "Sei que é difícil para algumas pessoas compreenderem por que os Estados Unidos não podem ou simplesmente não impedem que esse tipo de vídeo repreensível seja visto à luz do dia", disse ela. "Eu gostaria de observar que no mundo de hoje, com as tecnologias de hoje, isso é virtualmente impossível", afirmou. "Mas mesmo se isso fosse possível, nosso país tem uma longa tradição de livre expressão, que está incrustada em nossa Constituição e nossa lei. E nós não impedimos cidadãos de expressarem seu ponto de vista, não importa quão detestável seja", acrescentou. "Existem, claro, diferentes visões no mundo sobre os limites da livre expressão e manifestação. Mas a violência como resposta à expressão é inaceitável e não deveria ser motivo de debate", afirmou. (Reportagem de Arshad Mohammed)

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