Hillary Clinton diz que não se reunirá com iranianos em Haia

Secretária de Estado americana espera cooperação de Teerã no Afeganistão durante conferência da ONU

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Por Agências internacionais
Atualização:

A secretária de Estado americana Hillary Clinton disse nesta segunda-feira, 30, esperar que o Irã prometa melhorar a segurança na fronteira com o Afeganistão e ajuda na luta contra o tráfico de drogas durante a conferência em Haia, mas revelou não ter planos para se encontrar com delegados de Teerã. "Não tenho planos (para encontrar separadamente os oficiais iranianos). Não posso prever o amanhã, mas estamos ansiosos para todos desempenharem um papel construtivo", afirmou ela durante a viagem para a reunião.

 

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Na última quinta-feira, Teerã anunciou que participará de uma conferência da ONU sobre o futuro do Afeganistão, que acontece nesta terça. A reunião foi proposta pelos EUA, inimigo antigo de Teerã. O porta-voz do Ministério do Exterior, Hassan Qashqavi, disse, porém, que o Irã ainda vai decidir quem enviará à reunião. Estão confirmadas as presenças do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de Hillary e de delegados de mais de 80 países.

 

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Gordon Duguid, saudou a notícia da participação do Irã, após a proposta do presidente Barack Obama para um "novo começo" na diplomacia com a República Islâmica em uma série de questões. Mas ele também afirmou que Hillary não tem planos de realizar um encontro bilateral com autoridades iranianos no fórum. "Essa conferência é sobre a busca de um consenso regional sobre o Afeganistão. Não é uma conferência sobre as relações EUA-Irã", declarou o porta-voz.

 

No começo do mês, Hillary disse que o Irã seria convidado à reunião sobre o Afeganistão, que enfrenta um levante de proporções cada vez maiores do Taleban, num reconhecimento da influência do país sobre o vizinho problemático. O Irã e os EUA não mantêm laços diplomáticos há três décadas e agora divergem sobre a atividade nuclear de Teerã.

 

Analistas dizem, no entanto, que eles compartilham o interesse de garantir a estabilidade no Afeganistão, onde a violência atingiu o nível mais alto desde a invasão liderada pelos EUA em 2001. "O Irã participará", disse Qashqavi. "O nível de participação não está claro."

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Espera-se que Hillary Clinton forneça detalhes de uma revisão da estratégia norte-americana com relação ao Afeganistão e ao Paquistão, cuja divulgação está planejada para ocorrer antes da conferência na cidade holandesa. O Irã diz que os EUA estão fracassando no Afeganistão, mas que Teerã está pronta a ajudar o país vizinho.

 

PONTOS COMUNS

 

O ministro das Relações Exteriores Manouchehr Mottaki foi citado dizendo que havia a necessidade de uma solução regional. No mês passado, Obama ordenou o deslocamento de mais 17 mil soldados norte-americanos ao Afeganistão. O Irã com frequência tem pedido que as forças dos EUA deixem a região, afirmando que elas agravam a situação. Mas tanto Teerã como Washington se opõem ao Taleban e à rede Al-Qaeda, apoiam o presidente afegão, Hamid Karzai, e querem estabilidade, a reconstrução e o fim do tráfico de drogas.

 

"Acreditamos que deve ser encontrada uma solução regional para a crise no Afeganistão", disse Mottaki à agência de notícias semi-oficial Fars durante visita ao Brasil. "O objetivo do Irã na região é ajudar a paz, a estabilidade e a calma necessárias para o progresso da região", acrescentou ele.

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