Indicado a secretário de Estado Kerry recebe elogios em audiência do Senado dos EUA

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Por PATRICIA ZENGERLE
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O senador norte-americano John Kerry recebeu tapinhas nas costas e elogios generosos de seus colegas do Senado em uma audiência nesta quinta-feira, que deixou poucas dúvidas de que ele irá ser facilmente confirmado COMO secretário de Estado. Aparecendo perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado, que ele presidiu pelos últimos quatro anos, o cinco vezes senador por Massachusetts e veterano da Guerra do Vietnã foi elogiado por democratas e republicanos. "Olho para você, ao ser indicado para isso, como alguém que levou quase que toda a vida, por assim dizer, por este momento, sendo capaz para servir nessa posição", disse o senador Bob Corker do Tennessee, o principal republicano no grupo. "Estamos honrados em recebê-lo como o indicado do presidente para um posto que você fez por merecer", disse o senador Robert Menendez, o democrata por Nova Jersey que presidiu a audiência para o comitê, que ainda é tecnicamente liderado por Kerry. "Você não precisará de apresentação para os líderes políticos e militares do mundo, e começará --a partir do primeiro dia-- totalmente familiarizado não apenas com os meandros da política norte-americana, mas com uma compreensão da necessária abordagem diferenciada", acrescentou Menendez. Kerry foi recebido com tapinhas nas costas quando chegou para sua audiência e conversou de maneira relaxada com os senadores, ironicamente observando sua reversão de papéis depois de passar 29 anos sentado fazendo perguntas na comissão. "Não quero que isso afete suas perguntas de abertura, mas deixe-me dizer que nunca vi um grupo mais distinto e bonito de funcionários públicos em minha vida", disse, em meio às risadas. Vários senadores disseram que estavam certos de sua confirmação. ESPERANÇOSO SOBRE IRÃ A única nota de discórdia durante a audiência aconteceu quando um manifestante vestido de rosa gritou "precisamos de paz com o Irã... estou cansado de meus amigos morrendo" antes de ser retirado pela polícia. Kerry não abriu novos caminhos em seu depoimento, destacando seu compromisso com a política do presidente Barack Obama de buscar uma solução diplomática para persuadir o Irã a desistir de sua suposta busca de armas nucleares. O Irã diz que seu programa é somente para propósitos pacíficos. "O presidente tornou definitivo --faremos o que pudermos para evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear", disse Kerry. "Ele e eu preferimos uma solução diplomática a esse desafio e vou trabalhar para dar à diplomacia toda chance de ser bem sucedida", acrescentou o senador. "Mas ninguém deveria se enganar com nossa determinação de reduzir a ameaça nuclear." Kerry disse que "todos estão muito esperançosos de que possamos fazer algum progresso na frente diplomática agora" e, sem revelar a estratégia de negociação dos EUA, observou que Obama deixou claro estar pronto para ter negociações diretas com o Irã se isso for necessário. Seus críticos disseram que Kerry fracassou em obter sanções mais duras para desencorajar a República Islâmica de buscar seu programa nuclear, mas o nomeado deu sinais de que estava pronto para manter a pressão sobre Teerã. Kerry disse a Menendez, um dos mais ardentes defensores no Senado de sanções mais duras contra o Irã, que estava "totalmente" comprometido em impingi-las. Como senador, Kerry visitou Damasco várias vezes antes do início da guerra civil devastadora da Síria e foi um defensor do reengajamento dos EUA com o presidente sírio, Bashar al-Assad. Filho de um funcionário do serviço externo, Kerry, de 69 anos, formado em Yale, é um especialista em política externa. Nos anos 1960, divergiu de seus companheiros endinheirados alistando-se na Marinha dos EUA e servindo dois anos na Guerra do Vietnã. Ele rompeu com as Forças Armadas e as enfureceu ao se tornar um proeminente manifestante antiguerra depois de voltar para casa. Ataques pessoais duros por causa daquele papel custaram a ele a Presidência em 2004, quando perdeu a eleição para o republicano George W. Bush. Kerry, que testemunhou perante o comitê pela primeira vez em 1971 para expressar sua oposição à Guerra do Vietnã, emocionou-se ao lembrar o serviço do pai como diplomata de carreira. "Se vocês me confirmarem, eu assumirei o posto de secretário orgulhoso de que o Senado está em meu sangue --mas igualmente orgulhoso de que também está nele o serviço externo".

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