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Informe revela mais atividades de espionagem do governo Bush

Programa de vigilância fez muito mais do que escutas telefônicas sem ordem judicial, dizem investigadores

Por Associated Press
Atualização:

O governo do presidente George W. Bush coordenou uma operação de vigilância sem precedentes, para reunir grande volume de informações, que foi muito além das escutas telefônicas sem ordem judicial que já eram conhecidas, informou na sexta-feira, 10, uma equipe de investigadores federais.

 

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O grupo questionou as bases legais dessas medidas, mas se negou a revelar qualquer detalhe, considerando que elas ainda são secretas.

 

O informe, divulgado por cinco investigadores, fez referência a "atividades sem precedentes" para reunir informação pelas agências federais de inteligência, atendendo uma ordem executiva assinada pelo presidente Bush após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

 

Permanece sob sigilo o que essas atividades envolveram, mas os inspetores disseram que qualquer uso dos programas secretos devem ser "supervisionados cuidadosamente".

 

O informe sinalizou que poucos funcionários de alto escalão conheciam o tamanho e a profundidade do programa, e muito menos o avalizaram. Eles criticaram particularmente John Yoo, subsecretário assistente de Justiça, que redigiu memorandos legais que justificaram essa política.

 

A maioria dos dados de inteligência obtidos pelo que era conhecido como o "Programa de Vigilância do Presidente" não tinha relação alguma com o terrorismo, disseram os investigadores. Mas os agentes do FBI teriam dito a eles que a "mera possibilidade de obter informação útil o tornava útil".

 

Os investigadores entrevistaram mais de 200 pessoas dentro e fora do governo, mas cinco ex-funcionários do governo Bush se negaram a responder. Esses funcionários foram o secretário de Justiça, John Aschroft, Yoo, o ex-diretor da CIA George Tenet, o ex-chefe do escritório da Casa Branca Andrew Card e David Addington, assessor do ex-vice-presidente Dick Cheney.

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Conforme o informe, Addington podia decidir pessoalmente quem dentro do governo tinha acesso autorizado ao programa de informação confidencial.

 

A única parte da operação para reunir dados reconhecida pelo governo Bush foi a iniciativa de escutas telefônicas sem ordens judiciais. O governo reconheceu em 2005 que havia permitido à Agência de Segurança Nacional a interceptação de comunicações internacionais que passavam pela infraestrutura estadunidense, sem buscar a autorização de um juiz.

 

Ainda que o informa documente políticas do governo Bush, suas consequências poderiam representar um problema para a administração Obama, caso o novo presidente tenha herdado qualquer operação confidencial ou a totalidade delas.

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