16 de julho de 2010 | 22h24
Grupo se manifesta contra entrada em vigor da lei em frente à Corte Federal em Phoenix
MÉXICO- A controversa lei de imigração aprovada pelo estado do Arizona é "uma violação dos direitos civis" e poderia gerar "um tipo de apartheid", afirmou nesta sexta-feira, 16, o embaixador dos Estados Unidos no México, Carlos Pascual.
"Sua aplicação pode forçar a diferenciação baseada em razões étnicas", disse o diplomata, comparando a lei ao regime que discriminava as pessoas negras na África do Sul que foi abolido em 1991.
Também nesta quinta, a Argentina ratificou seu apoio ao México e repudiou a legislação por considerar que ela pode ter "consequências racistas".
"Além do componente discriminatório e o efeito econômico", a lei "poderia dar lugar ao desenvolvimento de um protótipo criminal associado a um estereótipo racial", afirmou o governo de Cristina Kirchner por meio de um comunicado da Chancelaria.
Na última quarta, a Argentina se somou ao México ao apresentar à Corte Federal em Phoenix, capital do Arizona, suas próprias objeções contra a entrada em vigor da lei, o que ocorrerá em 29 de julho se ela não for barrada pela Justiça federal.
A Lei SB1070 sancionada pela governadora Jan Brewer permite que as forças de segurança estaduais prendam qualquer suspeito de não ter regularizado seu status de imigração.
O Arizona, com cerca de 6,5 milhões de habitantes, conta com quase um milhão de estrangeiros em seu território, segundo um estudo da BBVA Bancomer. Desses, 611.410 são mexicanos, que representam 93% de todos os latinoamericanos que vivem no estado.
A aprovação da lei provocou reações contrárias tanto da comunidade latina do México como nos Estados Unidos. O Departamento de Justiça americano apresentou um processo na Corte Federal de Phoenix no qual questiona a legalidade da norma.
A Casa Branca argumenta que a lei permitirá a "perseguição e detenção de visitantes estrangeiros, imigrantes legais e cidadãos americanos que não possam provar imediatamente sua situação".
Além disso, para o governo Obama, a Lei SB1070 viola a Constituição americana ao atribuir competências que cabem somente ao governo federal.
As autoridades do Arizona, no entanto, consideram que o processo de Washington é "equivocado" e que os fundos destinados a ele deveriam ser gastos contra "os violentos cartéis mexicanos" que "atacam" o estado.
Nove estados do país apoiam a controversa legislação, e têm a intenção de criar uma similar. São eles: Michigan, Alabama, Flórida, Nebraska, Pensilvânia, Carolina do Sul, Dakota do Sul, Texas e Virgínia.
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