Mais de 80 pessoas podem ter sido expostas a paciente com Ebola, dizem autoridades dos EUA

Mais de 80 pessoas tiveram contato direto ou indireto com o primeiro paciente diagnosticado com Ebola nos Estados Unidos, disseram autoridades de saúde nesta quinta-feira, e quatro familiares do paciente foram colocados em quarentena como precaução. Representantes do condado de Dallas, no Estado norte-americano do Texas, disseram que entre 12 e 18 pessoas tiveram contato direto com o paciente antes de, por sua vez, travarem contato com dezenas de outros. Todos estão sendo monitorados e nenhum manifestou sintomas. Uma autoridade médica de alto escalão pediu aos hospitais dos EUA para extraírem lições do episódio em Dallas, onde um hospital mandou o paciente retornar para casa inicialmente, apesar da informação de que ele havia visitado a África Ocidental recentemente, o que potencialmente expôs mais pessoas ao vírus. Autoridades médicas do Texas ordenaram quatro familiares "próximos" ao paciente a não receberem visitantes e disseram que eles poderiam ser presos, caso saiam de casa sem permissão até o dia 19 de outubro. Os quatro, no entanto, não exibem sintomas. "Temos protocolos testados e verdadeiros para proteger a população e conter a propagação da doença", disse o médico David Lakey, comissário de Saúde do Texas. "Esta ordem nos dá a capacidade de monitorar a situação da forma mais meticulosa." Autoridades médicas têm pedido aos funcionários de saúde dos EUA que examinem pacientes para identificar possíveis traços da doença, e que perguntem aos pacientes sobre seu histórico de viagens. "Infelizmente, isso não aconteceu nesse caso", disse o médico Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas. "Precisamos apenas colocar isso para trás, olhar para frente e ter certeza de que isso não se repita no futuro." O paciente de Dallas, proveniente da Libéria, buscou por tratamento inicialmente em um hospital presbiteriano do Texas na quinta-feira da semana passada, mas foi medicado com antibióticos e enviado de volta para casa, apesar de ter contado à enfermeira que esteve recentemente no oeste da África. No domingo, ele precisou de um ambulância para retornar ao mesmo hospital. Na quarta-feira, representantes do hospital admitiram que a informação sobre a viagem do homem não foi compartilhada com os outros funcionários que o trataram.

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Por LISA MARIA GARZA
Atualização:

LIGAÇÃO DE AVISO?

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O paciente não teve o nome revelado pelo hospital por questões de privacidade. No entanto, Gee Melish, que alega ser amigo da família, identificou o homem como Thomas Eric Duncan.

Josephus Weeks, sobrinho de Duncan, disse em entrevista ao canal NBC, na quarta-feira à noite, que seu tio não recebeu tratamento para o Ebola até Weeks ter ligado pessoalmente aos Centros de Controle de Doenças federais (CDC, na sigla em inglês) em Atlanta para relatar a suspeita de infecção com o vírus. Ele disse ter feito a ligação no dia em que Duncan retornou do hospital em Dallas.

Um porta-voz do CDC afirmou nesta quinta-feira que a agência buscava confirmar se e quando tal ligação teria sido feita.

(Reportagem de Susan Heavey em Washington; Colleen Jenkins em Winston-Salem, Carolina do Norte; e Jim Forsyth em San Antonio, Texas)

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