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México faz acordo que evitará a imposição de tarifas pelos Estados Unidos

Presidente mexicano estendeu a mão para Trump e advertiu: "compromissos se cumprem"

Por EFE
Atualização:

TIJUANA - O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, comemorou no sábado, 8, o acordo fechado com os Estados Unidos que evitará a imposição de tarifas aos produtos mexicanos e estendeu a mão a Donald Trump, mas lhe avisou que "compromissos se cumprem".

López Obrador presidiu na cidade fronteiriça de Tijuana o "Ato de unidade em defesa da dignidade do México e a favor da amizade com o povo dos Estados Unidos", que aconteceu com um tom muito mais conciliador do que o esperado depois que ambos os governos fecharam um pacto de última hora.

Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador Foto: Jorge Duenes/REUTERS

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"Não levanto um punho fechado, mas uma mão aberta e franca. Reiteramos a disposição à amizade, ao diálogo e à parceria", disse, recebido por membros de destaque do governo, praticamente a totalidade dos 32 governadores do país e representantes do Congresso mexicano.

O líder esquerdista comemorou que na véspera se impôs a política sobre a confronto e destacou que, por parte de seu colega americano, houve vontade de buscar uma saída negociada ao conflito.

Mas, ele advertiu Trump, dizendo que os compromissos se cumprem e, como o México reforçará sua fronteira com a Guatemala, o governo americano deverá respeitar os direitos humanos dos migrantes e apoiar um plano de desenvolvimento para a América Central.

Além disso, o também líder do Movimento Regeneração Nacional (Morena) se mostrou firme ao rejeitar que no futuro se possa impor represálias ao México com tarifas.

"Como chefe e representante do Estado mexicano, não posso permitir a ninguém que atente contra a economia do nosso país", disse López Obrador, definindo-se como um "pacifista" seguidor de Gandhi, Nelson Mandela e Martin Luther King.

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Trump tinha ameaçado impor tarifas a todos os produtos mexicanos a partir da próxima segunda-feira, 10, ao considerar que o México não fazia o suficiente para conter os fluxos migratórios que cruzam o seu território com destino aos EUA.

No acordo, o México se comprometeu a posicionar 6 mil homens da Guarda Nacional para controlar sua fronteira com a Guatemala e a receber os migrantes que buscam asilo nos EUA enquanto sua solicitação é resolvida.

Nesse sentido, López Obrador anunciou que na próxima semana seu governo começará a dar "ajuda humanitária" para essas pessoas, além de facilidades de emprego, saúde e educação. Além disso, o presidente mexicano falou de seu plano para desenvolver economicamente Guatemala, Honduras e El Salvador para erradicar a migração forçada e com o qual Washington se comprometeu.

López Obrador lembrou que 43 mil crianças migrantes viajam sozinhas para chegar aos EUA, por isso que este fenômeno não pode ser atendido com "medidas coercitivas".

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"Sempre será injusto que se pretenda castigar o México por propor uma pausa na migração através do impulso do bem-estar e da segurança", afirmou o presidente mexicano.

O chanceler do México, Marcelo Ebrard, que liderou a delegação que negociou com os EUA, admitiu que não ganharam tudo, mas comemorou que não haverá tarifas na segunda. Caso contrário, cerca de 900 mil mexicanos poderiam ter perdido seus empregos por causa das consequências das tarifas.

O secretário de Relações Exteriores também destacou que o governo americano se comprometeu a respeitar os direitos humanos dos migrantes e a apoiar o plano de desenvolvimento de López Obrador para a América Central.

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No ato também tomaram a palavra ativistas pelos direitos humanos dos migrantes, uma representante dos povos indígenas do México e um porta-voz da comunidade evangélica.

Por outro lado, os opositores Partido Ação Nacional (PAN) e Partido da Revolução Democrática (PRD) rejeitaram este evento e atacaram o acordo por considerar que o Governo mexicano se rendeu diante da exigência de militarizar a fronteira com a Guatemala.

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