Obama diz que teve 'bom início', mas pode ser mais eficiente

No 100.º dia da nova administração, líder americano afirma que assenta 'novas bases', mas fala em insatisfação

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Por da Redação e com agências internacionais
Atualização:

 

SÃO PAULO - O presidente norte-americano, Barack Obama, disse nesta quarta-feira, 29, 100.º dia de seu governo, que teve um "bom início", mas que está insatisfeito com os primeiros meses de sua administração. "O crédito ainda não flui, o déficit continua alto e o governo ainda não está tão eficiente quanto poderia ser", afirmou o chefe de Estado, em sua terceira entrevista coletiva desde que chegou à Casa Branca. As questões externas também ganhanharam destaque: "eu prometi que mudaria a política externa, e foram assentadas novas bases diplomáticas", destacou Obama, ao ressaltar o fechamento da prisão de Guantánamo, a nova estratégia para o Afeganistão e o "começo do fim" da guerra do Iraque, que se tornou um dos principais assuntos da noite.

 

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Obama disse que o país árabe está resistindo aos recentes atentados e que os EUA darão tempo a nação para resolver assuntos cruciais antes da saída das tropas americanas. Ele reconheceu que os atentados "espetaculares" que ocorreram no Iraque recentemente são "uma causa legítima de preocupação", mas destacou que o número de mortes entre os civis é "muito baixo" em comparação com o ano passado.

 

"O sistema político está resistindo e está funcionando", afirmou Obama. Ele explicou que decidiu retirar as tropas americanas de forma gradual do Iraque e não de maneira precipitada, porque "há mais trabalho para fazer no lado político para isolar o restante da Al-Qaeda no Iraque."

 

Entre as tarefas pendentes está definir como serão repartidos os royalties do petróleo, as fronteiras das províncias, as relações entre curdos, xiitas e sunitas, e a incorporação de forças militares sunitas ao Exército iraquiano, explicou Obama. O presidente ainda disse que a administração americana continuará com a pressão sobre o governo para que haja avanços.

 

Paquistão

 

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Sobre o Paquistão, um dos principais temas da agenda externa da nova administração, Obama mostrou confiança na segurança do arsenal nuclear do país, e disse ter certeza que o material não corre risco de cair nas mãos de militantes do Taleban. Recentemente, o governo americano tinha alertado que os paquistaneses não tinham conseguido eliminar a ameaça de talebans e Al-Qaeda na fronteira com o Afeganistão.

 

O presidente disse que o Paquistão sabe que "este material não pode cair em mãos erradas". Ele disse que está mais preocupado com a fragilidade do governo de Islamabad e a dificuldade em conseguir o apoio do povo paquistanês. Para Obama, a maior ameaça presente no país é de caráter interno. "Precisamos que o governo tenha o apoio de sua população. Estamos dispostos a fornecer toda a ajuda necessária", afirmou.

 

Tortura

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O chefe de Estado ainda aproveitou para criticar o governo anterior. Obama afirmou que o argumento usado pelo ex-presidente George W. Bush para justificar o afogamento simulado durante os interrogatórios da CIA com suspeitos de terrorismo é um "erro", que pode ser considerado tortura.

 

"Creio que a simulação de afogamento era tortura, independente do raciocínio legal usado, e foi um erro", disse o presidente, destacando que a decisão de proibir de sua administração "nos fortalecerá com o tempo e nos transformará em um país mais seguro."

 

Crise

 

Durante a entrevista, Obama ainda previu "tempos difíceis" para a indústria automobilística. Mas, ao mesmo tempo, destacou as medidas adotadas contra a crise econômica, que incluem um plano de estímulo de US$ 787 bilhões. O presidente disse que o governo americano procurará evitar que, no futuro, se repitam os erros que conduziram a esta crise.

 

"Devemos assentar novos alicerces para o futuro, alicerces que fortaleçam nossa economia e nos ajudem a competir no século XXI", disse. Um desses alicerces é o projeto orçamentário para o ano fiscal de 2010, de cerca de US$ 3,4 trilhões, que, segundo Obama, serão aplicados em educação, energias renováveis e saúde.

 

"Fico feliz com o progresso conseguido, mas não estou satisfeito", sustentou. "Podem esperar um esforço incansável desta Administração para fortalecer nossa prosperidade e nossa segurança, nos próximos 100 dias, e nos outros 100 dias, e em todos os demais", prometeu. Isso, admitiu o presidente, levará "muito trabalho ainda por fazer" e exigirá tempo, mas os EUA "verão dias melhores e reconstruiremos uma nação mais forte."

 

Texto ampliado às 22h35.

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