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Obama e Romney iniciam ataques verbais e disputa por título de 'mocinho' e 'vilão'

Candidatos à Presidência dos EUA brigam um mês antes do lançamento formal de suas candidaturas

Por Denise Chrispim Marin e de Washington
Atualização:

Um mês antes do lançamento formal de suas candidaturas à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama e Mitt Romney já estão engalfinhados em uma briga verbal para definir quem é o "campeão" e o "vilão" da classe média americana. O democrata Obama ataca Romney como destruidor de empregos no país e investidor em paraísos fiscais. O republicano Romney acusa Obama de beneficiar capitalistas doadores para sua campanha e de não acreditar na livre iniciativa.

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Os ataques verbais de lado a lado foram suspensos desde sexta-feira, quando ambos tiveram o cuidado de demonstrar respeito e solidariedade às vítimas do massacre de Aurora, no Colorado. Mas as propagandas pela televisão e os discursos com acusações recíprocas serão retomados nesta semana. Em especial, nos Estados onde o eleitorado não definiu para qual lado pender, como o próprio Colorado. Entre hoje e quarta-feira, Obama fará comícios em Reno (Nevada), San Francisco (Califórnia), Portland (Oregon), Seattle (Washington) e Nova Orleans (Louisiana)

Recente estudo da Wesleyan Media Project constatou conteúdo negativo em 70% das propagandas postas no ar pelas campanhas de Obama e de Romney desde o início do ano. No mesmo período da eleição de 2008, os ataques aos candidatos e aos partidos rivais cobriam apenas 9,1% dos anúncios. Outra pesquisa, do instituto Kantar Media, concluiu haver mensagens anti-Romney em 86% das propagandas de Obama. As criíticas ao presidente foram verificadas em 94% dos anúncios de Romney.

A maioria dessas propagandas é desenvolvida e paga pelos chamados Super PAC, empresas criadas para dar apoio às candidaturas e autorizadas a receber doações superiores a US$ 2.500. "Uma das razões para as campanhas serem tão negativas está no extraordinário envolvimento de grupos de interesse, que aumentaram suas atividades em 1.100% neste ano, comparação com 2008", afirmou Erika Franklin Fowler, co-diretora do Wesleyan Media Project.

Mas foi da própria campanha de Obama a origem da propaganda "Firmas". Enquanto Romney canta desafinadamente o hino informal dos EUA, America the Beautiful, surgem cenas de fábricas e escritórios parados e títulos de jornais e revistas sobre as iniciativas de Romney, como empresário e governador de Massachusetts, que resultaram na transferência de empregos ao México, China e Índia. Em seguida, as imagens são de praias, com manchetes em destaque sobre os depósitos do candidato em paraísos fiscais. "Mitt Romney não é a solução", finaliza a propaganda, sob o um fundo negro.

Romney igualmente valeu-se da voz ritmada de Obama, cantando "Eu estou tão apaixonado por você" em um comício em Nova York, para atacá-lo de promover o "capitalismo dos amigos íntimos". A propaganda expõe a atual taxa de desemprego de 8,2% no país e a mensagem: "Quem Obama está ajudando? Seus amigos. Muito amor para a classe doadora. Mas, e a classe média?".

Em outros dois anúncios da campanha de Romney, Obama é acusado de ter concedido estímulos fiscais para empresas doadoras para sua campanha, como a Solyndra, e de ter defendido ser o Estado a força por trás dos empreendimentos.

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Na semana passada, a briga engrossou nos discursos. Nas seis cidades que visitou em campanha, Obama bateu nos fatos de Romney ter comandado a Bain Capital, empresa dedicada à compra de companhias em dificuldade para sua reestruturação ou fechamento, e resistir em apresentar suas declarações de Imposto de Renda anteriores a 2010. Romney respondeu que não daria oportunidade para a campanha do democrata pinçar dados e distorcê-los, acusou Obama de ter se portado "abaixo de sua dignidade de presidente e exigiu desculpas.

Obama ignorou o contra-ataque de Romney. Mas foi arranhado um dos caciques republicanos, o ex-governador de New Hampshire John Sununu. "Gostaria que o presidente aprendesse como ser um americano", afirmou à imprensa, no ímpeto de reforçar o suposto desdém de Obama à iniciativa privada.

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