Obama ignora alerta chinês e recebe o Dalai Lama

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Por MATT S
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O presidente dos EUA, Barack Obama, vai receber nesta quinta-feira o Dalai Lama na Casa Branca, apesar dos alertas da China de que o encontro com o líder espiritual tibetano pode prejudicar ainda mais as relações Washington-Pequim, já abaladas por questões de câmbio, direitos humanos, censura na Internet e venda de armas a Taiwan. Será o primeiro encontro presidencial de Obama com o Dalai Lama. Analistas dizem que a relação China-EUA é crucial demais para que haja um confronto, mas a visita pode dificultar os esforços da Casa Branca para obter o apoio chinês nas ofensivas diplomáticas contra os programas nucleares de Irã e Coreia do Norte e por um novo tratado climático global. Ao desafiar as objeções chinesas, Obama pode estar tentando demonstrar sua disposição em se contrapor à assertividade de Pequim, depois de ser criticado nos EUA por parecer brando demais na sua visita de novembro ao país. "As autoridades chinesas sabem disso, e a reação deles é a reação deles", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, na véspera da visita do Dalai Lama, que é acusado por Pequim de promover o separatismo tibetano. O religioso budista, exilado na Índia desde 1959, afirma que seu objetivo é apenas dar mais autonomia para o Tibet. Gibbs garantiu que EUA e China -- maior e terceira maior economias do mundo, respectivamente -- têm uma "relação madura", capaz de resistir a discordâncias. Mas, ciente das sensibilidades chinesas, a Casa Branca busca um equilíbrio, ainda mais depois de ter anunciado a venda de 6,4 bilhões de dólares em armas para Taiwan, ilha que Pequim vê como uma "província rebelde". Obama teve o cuidado de só receber o Dalai Lama depois de visitar líderes chineses durante sua viagem à Ásia em 2009. A demora na recepção ao líder budista foi criticada por parlamentares e grupos de direitos humanos dos EUA. Durante o evento de quinta-feira, Obama não aparecerá em público com o Dalai Lama e, a exemplo de seus antecessores na Casa Branca, não lhe concederá o simbolismo de um encontro no Salão Oval. Tais detalhes sinalizam a Pequim que o monge tibetano não está sendo recebido com um líder político. Por outro lado, ao receber o Dalai Lama Obama pode abrilhantar as credenciais do seu governo entre ativistas de direitos humanos, que o acusam de ignorar a necessidade de reformas democráticas na China para obter o apoio de Pequim a questões globais.

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