Obama pede ação mundial contra teste nuclear norte-coreano

Presidente americano diz que Pyongyang violou direito internacional e pede ações contra regime de Kim Jong-il

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Por Reuters , Associated Press e Efe
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira, 25, em breves declarações na Casa Branca, que a comunidade internacional deve agir em resposta ao teste nuclear realizado pela Coreia do Norte. Obama ainda qualificou o ocorrido como "irresponsável" e uma forte "violação do direito internacional".

 

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Obama falou sobre o assunto pouco antes de viajar à vizinha Virgínia para homenagear os norte-americanos mortos em guerras como parte das celebrações do Dia da Memória. Obama qualificou os testes norte-coreanos como um ato de "desrespeito às leis internacionais" e disse que Pyongyang deixou de lado o compromisso de abandonar seu programa nuclear.

 

Mais cedo, em comunicado, Obama afirmou que o teste nuclear norte-coreano, junto com um teste de mísseis de curto alcance, é uma "grave preocupação para todas as nações" e deveria ser alvo de medidas da comunidade internacional. "As tentativas da Coreia do Norte para desenvolver armas nucleares, bem como seu programa de mísseis balísticos, constituem uma ameaça à paz e à segurança internacionais".

 

A Coreia do Norte representa um grande desafio diplomático ao governo Obama, num momento em que ele enfrenta a crise econômica global e se empenha em conter o programa nuclear iraniano, que o Ocidente suspeita que esteja voltado para a eventual produção de armas - algo que Teerã nega. Ao tomar posse, em janeiro, Obama prometeu estender a mão a países turbulentos que estejam "dispostos a descerrar o punho", mas até agora houve poucos avanços com a Coreia do Norte e o Irã, que continuaram avançando em seus programas nucleares e demonstram pouco interesse no diálogo com Washington.

 

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"O comportamento da Coreia do Norte aumenta as tensões e prejudica a estabilidade no nordeste da Ásia. Essas provocações vão apenas aprofundar seu isolamento", disse Obama em nota. "O país não encontrará aceitação internacional a não ser que abandone sua procura por armas de destruição em massa e as maneiras de empregá-las."

 

A Coreia do Norte havia realizado seu primeiro teste nuclear em outubro de 2006, e em abril deste ano o país lançou um foguete, o que supostamente violou a proibição de que testasse mísseis de longo alcance. De acordo com Obama, a Coreia do Norte está violando as leis internacionais e "desafiando direta e imprudentemente a comunidade internacional." Ele disse que o seu governo vai trabalhar no âmbito do Conselho de Segurança da ONU e dos demais países envolvidos em negociações com Pyongyang (China, Rússia, Japão e Coreia do Sul) para lidar com a questão.

 

A Coreia do Norte há semanas ameaçava realizar o teste em resposta ao endurecimento das sanções internacionais, decidido depois de o país lançar um foguete, em abril, que teria violado a proibição da ONU a testes norte-coreanos com mísseis de longo alcance. Stephen Bosworth, enviado especial do governo Obama para a Coreia do Norte, alertou neste mês que Pyongyang enfrentaria as consequências se realizasse o teste, mas disse que havia pouco que os EUA poderiam fazer para evitá-lo.

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Líderes internacionais

 

Líderes mundiais condenaram a Coreia do Norte por realizar testes nuclear e de mísseis nesta segunda-feira. Enquanto países se preparavam para uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU ainda nesta segunda, o chefe de política externa da União Europeia, Javier Solana, qualificou o teste nuclear de "violação flagrante" de uma resolução do Conselho, algo que requer "uma resposta firme".

 

China, Rússia, França e Grã-Bretanha - que, com os EUA, são membros permanentes do Conselho de Segurança - expressaram alarme diante do teste nuclear realizado pelo Estado isolado, que, segundo Moscou, foi tão potente quanto a bomba atômica que os EUA lançaram sobre Nagasaki na 2a Guerra Mundial. A condenação unânime de todo o mundo ressaltou o isolamento da Coreia do Norte.

 

A comunidade internacional há anos usa uma mistura de sanções e ofertas de ajuda para negociar com Pyongyang o fim do programa nuclear norte-coreano. Mas Pyongyang é tão isolada que há poucas opções de punição possíveis, e nem Obama nem Solana fizeram recomendações específicas. A França falou em intensificar as sanções e que vai consultar seus parceiros no Conselho de Segurança "sobre as consequências que esse ato grave da Coreia do Norte deve suscitar, e em especial sobre o reforço das sanções". O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar "profundamente preocupado" com o teste nuclear da Coreia do Norte.

 

A Rússia disse que a violação da resolução do Conselho de Segurança representou um revés grave nos esforços para controlar a proliferação de armas nucleares e que as conversações entre seis países sobre a Coreia do Norte são a única solução para a crise. "As medidas mais recentes da Coreia do Norte intensificam as tensões no nordeste asiático e colocam em risco a segurança e estabilidade da região," afirmou o chanceler da Rússia em comunicado.

 

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, descreveu os testes nucleares e de mísseis como "errôneos, equivocados e um perigo para o mundo", dizendo que a comunidade internacional só tratará a Coreia do Norte como parceira se ela se comportar responsavelmente.

 

A China - que, como membro permanente do Conselho, poderia vetar qualquer resolução - pediu a Pyongyang que não agrave a situação. Mas analistas políticos acham que é pouco provável que Pequim aprove sanções mais duras. "O lado chinês exige com veemência que a Coreia do Norte cumpra suas promessas de desnuclearização, cesse quaisquer ações que possam agravar a situação e retorne ao processo de conversações entre os seis países", disse a China em comunicado. "O governo chinês exorta todas as partes a lidar com a situação de maneira calma e apropriada."

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A China há anos vê a Coreia do Norte como amortecedor estratégico contra a extensão das forças dos EUA até sua fronteira. Os responsáveis políticos em Pequim estão equilibrando preocupações com a potencial instabilidade da Coreia do Norte, o enfraquecimento de sua influência sobre o país e os receios de um confronto regional em torno do programa norte-coreano de armas nucleares.

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