Obama propõe parceria com Rússia pacífica e forte

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Por JEFF MASON
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O presidente norte-americano, Barack Obama, pediu nesta terça-feira que Estados Unidos e Rússia deixem para trás a inimizade da Guerra Frie e avancem em direção a uma parceria global tendo a democracia e o Estado de direito como ideais a se seguir. Em um discurso cuidadosamente calibrado, Obama elogiou as conquistas da cultura e história russas e evitou fazer qualquer crítica direta ao Kremlin. Mas disse que liberdade, democracia e a imposição da lei são os ideais a serem buscados, e também condenou a corrupção e o autoritarismo -- males que, segundo críticos, afligem a vida política e empresarial da Rússia. "Pessoas de toda a parte deveriam ter o direito de fazer negócios ou obter educação sem ter de pagar propina", disse Obama. "Essa não é uma idéia americana ou russa -- esse é o modo como povos e países vão obter sucesso no século 21." Os comentários de Obama repetiram os de integrantes de uma delegação de destacados executivos norte-americanos que estão visitando a Rússia e se queixam de que a frágil imposição da lei e a corrupção desenfreada no país são barreiras ao investimento e comércio. O presidente russo, Dmitry Medvedev, tem dito que a erradicação da corrupção é uma prioridade de sua gestão. O secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke, disse à Reuters que os executivos haviam "enfatizado a necessidade de maior previsibilidade, estabilidade, transparência e imposição da lei." Obama procurou deixar clara à audiência, formada de estudantes que o ouviram educadamente em silêncio, sua visão de relações melhores entre Washington e Moscou, mas admitiu que persistem divergências entre os dois países em temas como defesa antimísseis e expansão da Otan. "Deixe-me ser claro: a América quer uma Rússia forte, pacífica e próspera", disse Obama em discurso aos alunos da Nova Escola de Economia de Moscou. ESFERAS DE INFLUÊNCIA O discurso não foi, como seria o esperado de um pronunciamento presidencial dos EUA, transmitido ao vivo pelas TVs russas. A mídia em geral tem dedicado pouco destaque a Obama. "Nós também reconhecemos o benefício futuro que virá de uma Rússia vibrante e forte." Obama está no segundo dia de uma visita que tem como objetivo "resetar" as relações entre os dois maiores detentores de armas nucleares do mundo depois de um período de tensão e discussões. "Este deve ser mais do que um novo começo entre o Kremlin e a Casa Branca", disse Obama, no discurso, ao se referir ao "reset". "Deve haver um esforço sustentado entre o povo norte-americano e russo para identificar interesses mútuos e expandir o diálogo e a cooperação." Obama deixou clara sua oposição ao velho conceito soviético de "esferas de influência", uma alusão à reivindicação de Moscou de possuir influência especial sobre ex-Estados soviéticos, como Ucrânia e Geórgia. Em vez disso, ele fez um chamado aos estudantes para que se empenhem por um mundo pacífico, colaborativo -- declarações que muitos observadores da Rússia disseram lembrar as palavras do ex-presidente dos EUA Bill Clinton quando visitou Moscou. Obama fez o pronunciamento após seu primeiro encontro com o político mais poderoso da Rússia, o primeiro-ministro Vladimir Putin, que manteve um bom entendimento com seu antecessor na Casa Branca, George W. Bush, apesar do difícil relacionamento diplomático entre os dois países.

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