Observadores eleitorais: auxílio ou empecilho na eleição dos EUA?

PUBLICIDADE

Por DEBORAH CHARLES
Atualização:

Em algumas seções eleitorais dos EUA, eles são tão comuns quanto eleitores e mesários: os observadores eleitorais, às vezes extraoficiais, que se propõem a impedir fraudes na votação. Os observadores são de todos os matizes políticos --republicanos conservadores, democratas liberais, grupos antifraude, sindicatos e até organizações internacionais. Mas alguns ativistas do direito ao voto, entre outros, dizem que esses observadores podem intimidar a participação dos eleitores --especialmente integrantes de minorias e idosos--, e retardar o processo de votação para outros. Alguns observadores estão credenciados por governos locais para exercer sua fiscalização dentro das seções eleitorais, e podem contestar o direito de voto de uma pessoa. Alguns são advogados ligados às campanhas presidenciais e aos partidos, à procura de irregularidades que possam ser citadas numa eventual impugnação dos resultados. Muitos outros observadores devem ficar do lado de fora das seções, possivelmente em grande número, e isso pode assustar os potenciais eleitores, segundo entidades de direitos civis. "Você pode ser tão nocivo fora quanto dentro para criar perturbação", disse Eric Marshall, do Comitê de Advogados para o Direito Civil sob a Lei. "Não deveríamos ter valentões criando perturbação ou intimidando eleitores no local de votação." Grande parte das críticas se dirige a grupos conservadores como o True the Vote, que diz estar mobilizando até 1 milhão de voluntários para a eleição de terça-feira. Catherine Engelbrecht, fundadora do grupo, disse que a intenção não é intimidar eleitores, e sim evitar fraudes em áreas onde os democratas se empenharam em registrar eleitores com métodos que os republicanos consideram questionáveis. Ela acrescentou que seu grupo pretende impedir fraudes, assegurando que só cidadãos legalizados votem, e que mortos sejam excluídos das listas. Autoridades dizem que as fraudes são raras. Cada partido geralmente indica o máximo de observadores permitido em cada Estado, e em alguns Estados eles são chamados de "desafiantes", por poderem contestar a qualificação legal de uma pessoa para votar, ou apontar que a pessoa já votou. Em muitos casos, o fiscal recebeu apenas um treinamento básico, e ativistas dizem que é preocupante que essa pessoa possa ter o poder de impedir um cidadão de votar. Há também o receio de que a atividade dos monitores dentro da seção cause filas, desestimulando a participação dos cidadãos. Nos EUA, o voto é facultativo. "Deveríamos deixar com os profissionais no local de votação a tarefa de determinar quem está qualificado para votar" disse Marshall, que dirige a coalizão apartidária Proteção Eleitoral. O grupo colocou um telefone à disposição para que as pessoas denunciem intimidações a eleitores antes e depois do pleito.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.