Parlamento do Canadá é atacado por homem armado; soldado é morto nas proximidades

Um homem armado atacou o Parlamento do Canadá nesta quarta-feira, tiros irromperam perto da sala onde o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, fazia uma reunião de trabalho e um soldado foi alvejado e morto em um monumento de guerra próximo do local. Esses incidentes, que podem ter ligação com militantes islâmicos, abalaram a normalmente tranquila capital do país. O atirador no edifício do Parlamento foi morto e Harper foi retirado em segurança do prédio. A polícia canadense afirmou que "a esta altura" não pode confirmar se o homem que matou o soldado, que vigiava o Memorial Nacional de Guerra no centro de Ottawa, é a mesma pessoa que pouco depois atacou a sede da legislatura. Testemunhas disseram que uma saraivada de tiros foi disparada depois que um homem armado entrou no local, perseguido pela polícia. O ataque ocorreu muito perto da sala onde Harper se reunia com membros de seu Partido Conservador, informou um ministro do governo. “O premiê (Harper) se dirigia ao caucus (reunião partidária para definir candidaturas), e houve uma explosão alta, seguida de tiros rápidos. Todos nós nos espalhamos. Deu para perceber que era bem do lado de fora”, declarou o ministro do Conselho do Tesouro, Tony Clement, à Reuters. Pelos relatos das testemunhas, o homem armado entrou no Parlamento, correu diante da sala onde Harper falava e foi abatido diante da entrada da biblioteca, a meros 20 metros de distância. Harper insistiu que o governo e a legislatura devem continuar seu trabalho, disse um porta-voz. O incidente, que chocou a capital do Canadá, teve início pouco antes das 12h (horário de Brasília) e ainda não tinha se encerrado até o fim da tarde desta quarta-feira. O Parlamento e edifícios do centro continuavam fechados em regime emergencial. A polícia canadense está investigando um homem chamado Michael Zehaf-Bibeau como possível suspeito nos tiroteios, declarou uma fonte informada sobre o assunto. Fontes de segurança norte-americanas disseram que o nome do suspeito era Michael Joseph Hall, mas que depois ele mudou para Zehaf-Bibeau. A segurança em Ottawa sofreu críticas pelo fato de o atirador ter conseguido atravessar a porta da frente do principal prédio do Parlamento, que estava destrancada. A polícia afirmou que uma operação para garantir a segurança está em andamento. “Fomos pegos de surpresa... se soubéssemos que isto ia acontecer, teríamos sido capazes de interrompê-lo”, disse Gilles Michaud, comissário-assistente da Polícia Montada do Canadá em uma entrevista coletiva.

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Por RANDALL PALMER E DAVID LJUNGGREN
Atualização:

CONVERTIDOS

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Não ficou claro se há relação entre os acontecimentos desta quarta-feira e um ataque de segunda-feira, quando um convertido ao islã atropelou dois soldados canadenses com seu carro, matando um deles, em Québec antes de ser morto a tiros pela polícia. Foi o primeiro ataque fatal em solo canadense ligado a militantes islâmicos.

Nenhum grupo, islâmico ou de outra origem, assumiu a responsabilidade pelos ataques em Ottawa ou na região de Montreal.

No começo deste mês, o Canadá anunciou que irá se unir à batalha contra os combatentes do Estado Islâmico, que dominaram partes do Iraque e da Síria.

Em Washington, uma autoridade da Casa Branca disse que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi informado sobre a situação e que o país ofereceu ajuda ao Canadá.

Os ataques em Ottawa e Québec ocorreram no momento em que o governo também se prepara para fortalecer os poderes de sua agência de espionagem, o Serviço de Inteligência e Segurança Canadense.

O ministro da Segurança Pública, Stephen Blaney, anunciou na quinta-feira passada que a nova legislação permitirá à agência rastrear e investigar terroristas em potencial quando viajarem para o exterior e até mesmo processá-los.

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(Reportagem adicional de Allison Martell, Andrea Hopkins e Alastair Sharp, em Toronto; de Jeff Mason, Mark Hosenball e Steve Holland, em Washington)

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