Reforçar as medidas de segurança contra os imigrantes ilegais causaria aos Estados Unidos uma perda líquida de US$ 80 bilhões em uma década e por outro lado legalizar trabalhadores estrangeiros traria um aumento de receita, segundo um relatório do Instituto Cato apresentado nesta sexta-feira, 14.
"A legalização de trabalhadores imigrantes de baixas destrezas trabalhistas produziria um aumento significativo na receita dos trabalhadores e lares americanos", afirma o relatório de 22 páginas apresentado pelo acadêmico Peter B. Dixon.
O estudo analisa o impacto econômico que teriam sete possíveis cenários para resolver o problema da imigração ilegal, entre estes o reforço da vigilância na fronteira, as batidas trabalhistas, um programa de trabalhadores hóspedes e uma via para a legalização da população sem documentos.
O relatório foi divulgado em um momento em que o Governo do presidente Barack Obama reiterou seu desejo de que o Congresso apronte uma minuta para a reforma migratória até o final do ano e o submeta a debate no começo de 2010.
Calcula-se que haja cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais nos EUA, dos quais, segundo o estudo, 8,3 milhões participam do mercado de trabalho.
Os estrangeiros "imigrantes ilegais" constituem cerca de 5% do total de trabalhadores.
Segundo a análise, a ênfase em medidas para impossibilitar a passagem de imigrantes ilegais "reduz enormemente o bem-estar das famílias" de cidadãos e residentes legais no país.
Mas com o aumento do fluxo de imigrantes legais, a economia americana se expandiria e criaria mais postos de trabalho qualificados.
Um programa de legalização não só eliminaria o enorme custo do contrabando de imigrantes ilegais, mas também facilitaria as oportunidades de emprego em postos que requerem maiores destrezas trabalhistas.
Se o Governo, por exemplo, cobrasse um "imposto" para emitir vistos, isso representaria 1,27% do Produto Interno Bruto dos EUA, ou o equivalente a US$ 180 bilhões em um prazo de dez anos.
Para Mary Giovagnoli, diretora do Centro para Política Migratória (IPC), este relatório é oportuno porque "reconhece o que os imigrantes fornecem aos EUA como trabalhadores, pagadores de impostos e consumidores".
Daniel Griswold, diretor para assuntos comerciais da Cato, disse à Agência Efe que para destravar o diálogo migratório é necessário "marginar" os extremistas em ambos os lados do debate.
Por um lado, estão os grupos conservadores que toda a vida se opuseram aos imigrantes algo que é cíclico na história dos EUA, especialmente em tempos de recessão.
Pelo outro, estão os sindicatos que respaldam os democratas e que, ainda agora, continuem se opondo a um programa de trabalhadores hóspedes, observou Griswold.
"Isso é um grave erro, porque se há uma mensagem que queremos levar é que um programa de trabalhadores hóspedes, factível e robusto, é chave para o sucesso de uma reforma migratória", especificou Griswold.