A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, liderada pelos republicanos, vai preparar o cenário nesta terça-feira para um confronto com os democratas no Senado sobre a prorrogação da redução de impostos na folha de pagamento, que pode virar uma das batalhas do ano eleitoral de 2012. A legislação tributária é a última de uma série de batalhas travadas no Congresso este ano, cada uma contribuindo para o descontentamento popular com os políticos de Washington. Quando a Câmara se reunir para votar nesta terça-feira, na verdade estará rejeitando um projeto de lei aprovado pelo Senado no sábado e pedindo negociações formais com o Senado, liderado pelos democratas. O projeto do Senado estabelecia a prorrogação por dois meses no corte de impostos na folha de pagamento com o objetivo de definir depois a prorrogação de cortes de impostos por um ano, no início do ano que vem. A proposta da Câmara vai lançar dúvidas sobre o futuro do popular corte de impostos na folha de pagamento, que é o centro de um jogo arriscado entre os dois partidos políticos que, alguns dizem, pode acabar saindo pela culatra. "Nossos membros não querem apenas marcar um ponto e aprovar uma correção de curto prazo de dois meses, e depois termos que voltar e fazer isso de novo", disse o presidente da Câmara, John Boehner, na noite de segunda-feira, após reunião a portas fechadas com os republicanos. O líder da maioria no Senado, Harry Reid, retrucou que a Câmara deveria permitir uma votação direta sobre o plano de dois meses. "Estou feliz em continuar as negociações em um acordo de um ano assim que a Câmara dos Deputados aprovar o compromisso bipartidário do Senado, e evitar que as famílias de classe média sejam afetadas por um aumento dos impostos", disse Reid. Vários parlamentares republicanos concordam publicamente com Reid. ACORDO NO SENADO O acordo bipartidário de dois meses feito pelo Senado surgiu depois que os esforços para a redução nos impostos por um ano falharam. Há muito mais em jogo do que a reputação dos políticos e suas chances de reeleição em 2012. Se democratas e republicanos não chegarem a um acordo sobe a prorrogação da redução dos impostos, que expira em 31 de dezembro, 160 milhões de norte-americanos começarão 2012 com menos dinheiro - cerca de 1.000 dólares por ano em média para o trabalhador - em seus holleriths. Isso, temem os economistas, pode aprofundar a crise, ou pôr fim ao pequeno crescimento econômico existente, enquanto os EUA lutam para sair da pior recessão em décadas e quando os problemas de dívida na Europa podem infectar a América. Não são apenas os impostos aos trabalhadores que subirão em algumas semanas se os dois lados não chegarem a um acordo rápido. Cerca de 2,2 milhões de pessoas que sofrem com o desemprego há muito tempo verão os cheques de auxílio-desemprego reduzidos pela metade em fevereiro. E os médicos que cuidam de pacientes pelo Medicare também verão seus reembolsos reduzidos. Assim que a Câmara nesta terça-feira pedir uma nova rodada de negociações, como esperado, os próximos passos não são claros. "Não voltaremos, não vamos nomear negociadores até que eles aprovem o compromisso do Senado", disse o porta-voz de Reid, Adam Jentleson. O presidente Barack Obama já adiou as férias no Havaí. O secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney, disse na segunda-feira que "o presidente deixou claro que quer que o Congresso resolva isso, que ele está aqui agora e estará aqui enquanto o Congresso tenta resolver isso." Mas Carney não deixou claro como Obama unirá os dois lados, ou mesmo se ele vai tentar fazer isso.