Seca se agrava e meteorologia prevê mais calor no Meio-Oeste dos EUA

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Por ERNEST SCHEYDER
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Um forte calor cobriu grande parte do Meio-Oeste dos Estados Unidos na terça-feira, agravando a pior seca em mais de meio século na região, e devastando as lavouras de milho, soja e outros cultivos. De Chicago e Nebraska, as temperaturas rondaram os 40 graus Celsius, e o Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês) emitiu alertas para o calor em todo o Meio-Oeste e na costa atlântica. Em muitos lugares, o calor excepcional deve durar até a semana que vem. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica disse em seu site que esta é a pior seca desde 1956. O problema atinge cerca de 55 por cento da área contígua do país, numa época em que a umidade seria especialmente necessária, por ser o período de polinização dos milharais. Os EUA são o maior exportador mundial de milho, cereal usado em aplicações tão díspares quanto a ração animal e o etanol automotivo. "Estamos passando de uma crise para uma história de terror", disse o agrônomo Tony Vyn, da Universidade Purdue. "Vejo um crescente número de campos que irão produzir zero grão." O meteorologista Jason Nicholls, da empresa AccuWeather, disse que não há possibilidade de chuvas no Meio-Oeste antes de meados da semana que vem, e que a seca e o calor devem se prolongar até agosto. O milho já está com sua maior cotação em 13 meses, depois de uma alta de 45 por cento neste verão boreal. O Departamento de Agricultura dos EUA disse em sua última avaliação semanal, na segunda-feira, que apenas 31 por cento da safra de milho no país está em situação boa ou excelente; no boletim anterior, 40 por cento da safra estava satisfatória. As condições boas e excelentes da soja caíram de 40 para 34 por cento da safra. "Precisamos de uma chuva de encharcar agora. Precisamos de duas a três polegadas (51 a 76 milímetros), e isso não está na previsão", disse o analista Dan Basse, da AgResource. Problemas climáticos estão sendo relatados também no Leste Europeu e na Ásia, ao passo que Brasil e Argentina também tiveram uma grave seca na última safra. A FAO (agência da ONU para alimentação e agricultura) disse neste mês que a seca dos EUA deve fazer com que o preço global dos alimentos reverta três meses de declínio a partir de julho. (Reportagem de Sam Nelson, Andrew Stern e K.T. Arasu em Chicago e Ernest Scheyder em Nova York)

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