Soldado dos EUA se declara culpado de uso indevido de informações no caso WikiLeaks

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Por MEDINA ROSHAN
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O soldado norte-americano acusado de fornecer mensagens diplomáticas e outros documentos secretos à organização WikiLeaks se declarou culpado nesta quinta-feira de mau uso de material classificado, mas rejeitou a acusação mais grave em julgamento militar, indicando que não ajudou o inimigo. O soldado Bradley Manning, de 25 anos, apresentou estas declarações antes de comparecer diante de uma corte marcial, que começa em 3 de junho, num caso que incide sobre o maior vazamento de documentos secretos na história dos Estados Unidos. A juíza militar Denise Lind aceitou as declarações de culpabilidade durante a tarde. Manning se declarou culpado de uma série de 10 acusações menores por uso indevido de informação classificada e enfrenta uma pena máxima de 20 anos de prisão. "Acredito que se o público em geral...tivesse acesso à informação...isso poderia iniciar um debate nacional sobre o papel do Exército e a política externa em geral", disse Manning diante da juíza encarregada da audiência. Durante a leitura de um comunicado de 35 páginas enquanto permanecia sentado ao lado de seus advogados, o jovem descreveu seus sentimentos depois de apresentar informação secreta ao WikiLeaks. "Senti que tinha feito algo que me permitiria ter a consciência limpa", afirmou Manning, que falou sob juramento durante mais de uma hora. "Este era o tipo de informação...que deveria ser tornada pública", acrescentou. Na audiência, Manning se declarou inocente da acusação mais grave, a de ajudar o inimigo, através de seu advogado. O soldado, que está preso há mais de mil dias, poderia pegar prisão perpétua se condenado por ajudar o inimigo. Manning, um militar de inteligência do Exército, foi preso em maio de 2010 enquanto estava em uma missão no Iraque e foi acusado de vazar milhares de documentos, telegramas diplomáticos e vídeos de combates para o WikiLeaks. Manning admitiu as acusações de posse não autorizada de documentos e distribuição de informação das redes de dados combinadas das forças norte-americanas sobre Iraque e Afeganistão. Disse que os textos que enviou ao WikiLeaks eram "dois dos mais significativos documentos de nossa era". A organização ativista começou a expor os documentos secretos do governo dos EUA em 2010, deixando assombrados diplomatas de todo o mundo e desatando a fúria das autoridades norte-americanas, que disseram que o dano causado pelo vazamento de informação colocaria em perigo as vidas de seus cidadãos.

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