Tribunal da Flórida ratifica direito de homossexuais à adoção

Única lei do país que proíbe casais gays de adotar crianças está em vigor no estado há 30 anos

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Por Efe
Atualização:

MIAMI- Um tribunal de apelações de Miami, na Flórida, declarou nesta quarta-feira, 22, inconstitucional a lei do estado que proíbe a adoção aos casais homossexuais, informou uma fonte judicial.

 

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Os três juízes do terceiro distrito do Tribunal de Apelações de Miami decidiram a favor da derrogação da medida, o que ratifica a sentença de uma juíza que autorizou, em 2008, a adoção de duas crianças por um casal gay que as tinha criado.

 

Cindy Lederman, juíza do condado de Miami-Dade, autorizou a Frank Martin Gill a adoção de duas crianças meio-irmãs de quatro e oito anos que ele e seu companheiro criavam desde 2004.

 

"Proibir totalmente a adoção às pessoas homossexuais" refletiria que eles são, como grupo, "incapazes de ser pais", decidiu o tribunal.

 

A decisão, portanto, permite a Martin Gill e seu companheiro continuar com a guarda das crianças.

 

No documento de 35 páginas, os magistrados que analisaram o caso, Gerald B. Aposte, Frank A. Sherpard e Vance E. Salter, expressam seu convencimento de que os casais homossexuais e heterossexuais "são igualmente bons pais".

 

A União Americana das Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) mostrou sua satisfação por uma sentença que vai contra "30 anos de preconceitos nos livros das leis da Flórida".

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Em 2009, a ACLU tinha pedido ao Tribunal de Apelações que ratificasse a sentença da juíza.

 

Esta decisão é "uma boa notícia para o avanço dos direitos humanos e das crianças no problemático sistema de famílias adotivas da Flórida", disse Howard Simon, diretor da ACLU.

 

"As leis da Flórida, inconstitucionalmente, dão um tratamento desigual aos casais gays ao negar a muitas crianças a possibilidade de permanecerem sob sua tutoria mediante a adoção", disse em comunicado Leslie Cooper, advogada da ACLU.

 

No julgamento de quatro dias, a juíza Cindy Lederman rejeitou o argumento da procuradoria do estado da Flórida de que a lei que proíbe a adoção a homossexuais promove a moralidade pública e defende os interesses das crianças adotadas, que poderiam ser prejudicadas por ter pais do mesmo sexo.

 

As crianças "deixaram para trás um mundo de privações e empobrecimento emocional para entrar em um novo mundo seguro, de educação, estruturado e estimulante", destacou a juíza na ocasião.

 

Ela acrescentou que eles podem ser boa família em todos os sentidos, "exceto aos olhos da lei".

 

A Flórida é o único estado dos EUA que proíbe que homossexuais adotem crianças.

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Antes da sentença da juíza, o governador da Flórida, Charlie Crist, expressou seu apoio a lei, em vigor há 31 anos.

 

É possível que o caso seja finalmente decidido em uma instância judicial superior, como a Corte Suprema da Flórida.

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