
11 de janeiro de 2012 | 17h47
HAVANA - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, chegou nesta quarta-feira, 11, a Cuba para uma breve visita, num dia tenso por causa da morte de um cientista nuclear iraniano num atentado a bomba em Teerã.
O Irã atribuiu o crime a Israel e aos Estados Unidos, países mais empenhados em conter o programa nuclear iraniano. Ahmadinejad, no entanto, desembarcou sem dar declarações no Aeroporto Internacional José Martí, nos arredores de Havana, onde foi recepcionado pelo vice-presidente cubano, Esteban Lazo, e colocado numa Mercedes preta para ser levado ao encontro do presidente Raúl Castro.
Essa é a terceira etapa de uma viagem do presidente iraniano por quatro países com governos esquerdistas aliados -Venezuela, Nicarágua, Cuba e Equador. Esses quatro governos estão unidos ao Irã principalmente pelo ódio comum aos Estados Unidos, mas nos últimos anos a cooperação econômica também se ampliou.
Num momento em que o Irã está cada vez mais isolado na comunidade internacional, esses países manifestaram apoio ao direito iraniano de desenvolver um programa nuclear pacífico. Os EUA e seus aliados acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, algo que Teerã nega.
Dias depois de Washington ter imposto novas sanções ao Irã, Ahmadinejad e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, falaram em tom de piada sobre terem armas nucleares à sua disposição.
A situação política envolvendo o Irã ficou mais tensa nesta quarta-feira por causa da morte do cientista nuclear Mostafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, vítima de uma bomba magnética grudada sob o seu carro.
Três outros cientistas iranianos, dos quais pelo menos dois envolvidos com atividades nucleares, foram mortos em 2010 e 2011, em explosões semelhantes. O incidente ofuscou a chance de Ahmadinejad ostentar suas boas relações com Cuba, que fica a menos de 150 quilômetros dos Estados Unidos, seu histórico inimigo ideológico.
O Irã já concedeu centenas de milhões de dólares em empréstimos a Cuba, que a ilha usou principalmente para adquirir vagões ferroviários iranianos. O comércio entre os dois países, que havia sido de US$ 46 milhões em 2008, caiu em 2009 para US$ 27 milhões, segundo os últimos dados disponíveis do governo cubano.
Os dois países também têm em comum o fato de estarem na lista de quatro países que o Departamento de Estado dos EUA qualifica como patrocinadores do terrorismo, ao lado de Síria e Sudão.
Não estava claro se Ahmadinejad também se encontrará com o ex-presidente Fidel Castro, de 85 anos. Ele fará uma palestra nesta quarta-feira na Universidade de Havana, e parte na manhã de quinta-feira rumo ao Equador, última etapa da viagem.
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