Alta abstenção é o maior desafio das eleições no Haiti

Sucessor de Préval terá a dura missão de reconstruir o país e fazer ajuda humanitária chegar aos haitianos

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Por Luiz Raatz
Atualização:

SÃO PAULO - O Haiti vai às urnas neste domingo, 28, para eleger o sucessor do presidente René Préval. Devastado pelo terremoto de janeiro, que deixou 200 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados, o país sofre atualmente com uma epidemia de cólera que já matou mais de 1,6 mil pessoas. A alta abstenção é o maior desafio das autoridades eleitorais.

 

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De acordo com a comissão eleitoral, 4,5 milhões dos 9 milhões de habitantes do país estão aptos para votar em um dos 19 candidatos à presidência. Serão escolhidos também 11 dos 30 membros do Senado e todos os 99 deputados que compõem a Câmara. O novo presidente terá a dura missão de reconstruir o país e fazer ajuda humanitária chegar aos haitianos.

 

Devido aos diversos problemas do país,estima-se que a abstenção neste ano seja de 60%, segundo o Coronel Silva Filho, do Centro de Comunicação Social do Exército.

 

Não será uma tarefa fácil diminuir este índice. Os 1,5 milhões de deslocados vivem em 1,3 mil acampamentos pelo país. Vítimas do terremoto de janeiro, muitas dessas pessoas, e mesmo outras que não estão nos abrigos, continuam sem identidade, o que dificulta a identificação dos que ainda não se registraram para votar.

 

Outro fator preocupante é a violência durante as votações. O Haiti possui um histórico de eleições violentas: dos 13 pleitos realizados desde 1987, quando foi aprovada a nova Constituição, apenas duas foram consideradas pacíficas, de acordo com a International Crisis Group.

 

René Préval, que encerra seu segundo mandato como presidente, foi o único líder eleito da história do país a concluir o cargo e entregá-lo ao sucessor. Ao longo de 206 anos, o Haiti já sofreu 32 golpes de Estado.

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As autoridades do país, juntamente com o Conselho Eleitoral Provisório (CEP), que coordena as eleições, dizem que há maior necessidade de observadores para ajudar no combate à violência e à fraude durante as eleições. No entanto, o próprio CEP é visto pela oposição e por alguns grupos civis como um mecanismo do presidente Préval reter sua influência mesmo após sua saída do governo.

 

A eleição é a segunda sob supervisão da Missão das Nações Unidas para estabilização do Haiti (Minustah), instalada no país após a queda do presidente Jean Bertrand Aristide, em 2004.

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